Cristina Fernandes e alunos do 8.ºC “Chorei nesta aula, pois os meus avós são pessoas muito importantes para mim. Senti-me bem quando falei do meu avô. Não foi fácil, emocionei-me muito. Foi uma atividade que acrescentou muito ao meu dia, pois, logo a seguir, liguei ao meu avô e disse-lhe que o amava muito.” Cai a chuva, o vento desmancha as árvores desfolhadas, e dos tempos passados vem uma imagem, a de um homem alto e magro, velho, agora que está mais perto, por um carreiro alagado. Traz um cajado ao ombro, um capote enlameado e antigo, e por ele escorrem todas as águas do céu. À frente caminham os porcos, de cabeça baixa, rasando o chão com o focinho. O homem que assim se aproxima, vago entre as cordas de chuva, é o meu avô. As pequenas Memórias, José Saramago Pensar numa aula com carinho é pensar o que fazer e como fazer para cativar os alunos, para aquele conteúdo ser interiorizado sem grande esforço. É pensar como criar empatia com aqueles jovens que estão sentados à nossa frente numa sala, como impedir que olhem para o relógio, como despertar interesse e curiosidade. É pensar como podem aprender sem se aperceberem que existe tempo. Nada fácil esta tarefa. Mas, por vezes, nós também acabamos por complexificar o que pode ser muito simples… Chegara o momento de interpretar um pequeno texto de José Saramago, O MEU AVÔ. Fácil é chegar à sala, abrir o manual, ler o texto em silêncio, ler em voz alta, interpretar e tirar apontamentos, responder às perguntas de interpretação e corrigir. Passaram noventa minutos. Conteúdo “dado” e sumariado. Com um título tão inspirador O MEU AVÔ, não conseguiria uma aula mais interessante? Talvez… todos sabemos o quão importante é o papel dos avós, todos sabemos que nem sempre lhes dedicamos o tempo que deveríamos porque temos mil e uma coisas para fazer e o “Não tenho tempo” torna-se bem mais fácil. Amanhã… amanhã pode ser um pouco tarde. Uma quarta-feira de manhã, muitos trazem o pedido, um simples objeto que identifica a sua relação com o avô ou com a avó. Pedido feito na aula de segunda para quarta. Pedido estranho… A caminho do Espaço Alfa, muitos questionavam o que iria acontecer… eu também não sabia muito bem se iria conseguir o que tanto desejava, mas só o facto de sentir toda aquela curiosidade já era indicador de que os tinha cativado. Primeira etapa, vencida! Estavam com vontade de saber o que viria a seguir… Sentados em pufes e formando um círculo, eu com eles… num ambiente de silêncio e de respeito… dedicámos tempo aos avós. INICIAR, MOSTRAR, FALAR, PARTILHAR… ESCUTAR, SENTIR e CONHECER… Nessa aula, também EU fiquei a ganhar! Cristina Fernandes | Diretora do 3.º ciclo “Relembrámos a importância dos avós nas nossas vidas. Foi daquelas aulas em que não queríamos sair, queríamos ficar e ouvir mais e mais.” Maria Ana Costa “Tivemos uma aula diferente. Fizemos uma atividade sentimental e emotiva, mas que foi muito importante para mim. Vivi muitas emoções. Alegria, por ouvir os meus colegas falar dos bons momentos que passam ou passaram com os avós, e saudade, muita saudade. Enquanto falavam, também eu ia recordando os bons momentos.” Maria Laiginhas 8C “Gostei muito desta atividade porque fiquei com vontade de amar e de abraçar mais os meus avós.” Eduardo Paulino 8C “Esta atividade foi muito importante porque nem sempre passamos tempo suficiente com os nossos avós. Fez-me refletir sobre a minha vida e, quando terminou, fui logo ligar ao meu avô.”. Alice Dias 8C “Chorei nesta aula, pois os meus avós são pessoas muito importantes para mim. Senti-me bem quando falei do meu avô. Não foi fácil, emocionei-me muito. Foi uma atividade que acrescentou muito ao meu dia, pois, logo a seguir, liguei ao meu avô e disse-lhe que o amava muito.” Madalena Madeira 8C “Percebi que sou uma sortuda por ainda ter os meus avós. Foi interessante perceber que relação cada um tem e como esta é vivida.” Maria Ana Caldeira 8C “Nunca tinha tido a oportunidade de falar sobre este assunto com alguém…senti-me aliviado. Tinha tanta coisa para contar. Surgiram memórias que não sabia que tinha, foi como abrir uma gaveta que já não abria há muito tempo.” António Ortega 8C “Gostei imenso desta aula, pois gosto de falar das pessoas que amo. Foram partilhados momentos marcantes da nossa vida com os nossos avós. Quando acabei de falar, senti que tinha muito mais para contar, mas fiquei satisfeita e senti um grande conforto. Tudo o que disse foi com muito carinho.” Matilde Amador 8C “Esta aula ajudou-me a refletir mais sobre a importância que os meus avós têm na minha vida. Fiquei mais enriquecido, pois percebi que os avós dos meus colegas têm características semelhantes aos meus e como devemos valorizar todos os momentos que passamos com eles.” Mário Pires 8C “Foi muito bom sair do nosso espaço habitual, falar à vontade, dizer o que sentimos… Este momento fez-me refletir e perceber o quanto os avós são importantes. A aula passou tão rápido que nem dei pelo tempo.” Francisca Dias 8C “Foi uma aula muito importante e interessante porque me fez refletir sobre o que digo e não digo aos meus avós e o que deveria fazer mais. Não senti o tempo a passar, estava demasiado envolvida a ouvir as histórias dos meus colegas.” Leonor Esgaio 8C “Infelizmente, a aula passou demasiado rápido. Por mim, teria ficado ali mais tempo. A aula foi mesmo muito importante para mim porque consegui perceber que tenho mesmo muita sorte em ter as minhas duas avós. Aprendi que tenho de estar com elas o máximo de tempo possível.” Frederica Santos 8C “Não chorei, mas as histórias dos meus colegas tocaram-me. O tempo passou num ápice e até preferia que a aula fosse mais longa, mas tivemos de terminar.” Ingrid David 8C “A partir daquela aula, comecei a dar mais valor aos meus avós e, acima de tudo, ao tempo que passo com eles.” Teresa Almeida 8C “Falámos sobre um assunto muito sensível e importante. Tive a oportunidade de partilhar com a minha turma algo mais pessoal, mas as minhas amigas estavam ao meu lado para me dar algum conforto.” Gabriela Pereira 8C “Faltei, com muita pena minha, a essa aula. Ao chegar à escola, encontrei os meus amigos de lágrima no olho por terem falado dos avós. Se tivesse ido à aula, teria levado o livro que o meu avô escreveu para os netos. Um livro repleto de histórias e aventuras que ouvia sempre que falava com ele. Esta aula faria com que refletisse e pensasse mais no meu avô de quem tenho tantas saudades. Infelizmente, já partiu e hoje é a estrelinha mais bonita do céu.” Mafalda Tavares 8C E quando uma mãe nos conta que, ao regressar a casa, o filho lhe diz que queria ligar aos avós e ela pergunta o porquê e a resposta é “apercebi-me de que não ligo muitas vezes aos avós e quero passar a falar mais com eles.”, percebemos que, afinal, aquele momento não foi apenas uma aula…