Os elementos-chave da gestão da turma

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“Poucas atividades sociais requererão tão elevadas competências e tanto desgaste profissional. Para quem, claro, não desistiu de ser professor. Pena que no repouso dos gabinetes não saibam e não sintam esta complexidade extrema.” A turma é um universo de singularidades, incertezas, complexidade. A turma é um universo de pessoas diferentes que reclamam respostas específicas, adequadas e justas. A turma é um desafio de exigência, de atenção, de alerta permanente. Esgotante. Entusiasmante, também poderá ser. Gerir a turma é passar de um ajuntamento de alunos a um grupo, a uma equipa que tem um objetivo comum (aprender o máximo possível) e cujos elementos se compreendem, aceitam e entreajudam. Gerir uma turma é gerar comportamentos disciplinados, convergentes, sintonizados com o propósito da aprendizagem. E saber lidar com os conflitos, o alheamento, o tédio, o ruído sistemático, no fundo da sala. Gerir uma turma é nunca desistir de acreditar na perfetibilidade do ser humano, é fazer descobrir o sentido da aprendizagem. Gerir uma turma é colocar os alunos em atividades de reflexão, produção, participação pois a aprendizagem requer não apenas a presença mas também a implicação. Gerir uma turma é redefinir, sempre que necessário, o contrato pedagógico estabelecido, é ajustar metas e métodos, é diversificar procedimentos e atividades em função das necessidades individuais. Gerir uma turma é saber utilizar os saberes ensinados, é tornar “empregáveis” esses saberes, é criar situações de tensão e distensão. Momentos de humor. De sorriso. Gerir uma turma é sair da sala de aula, é atribuir tarefas e responsabilidades que podem ser realizadas em qualquer espaço da escola. Gerir uma turma é confiar, libertar, desafiar e responsabilizar, diversificar tarefas e projetos. E até permitir que algum aluno possa brevemente respirar fora da asfixia da rotina. Gerir uma turma é usar de firmeza e de leveza, é personalizar a relação, é elevar expectativas, é mostrar que se gosta do ofício. Poucas atividades sociais requererão tão elevadas competências e tanto desgaste profissional. Para quem, claro, não desistiu de ser professor. Pena que no repouso dos gabinetes não saibam e não sintam esta complexidade extrema. (JMA, CE,2005, adaptado em 2023)