“Ficamos abysmados”

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Frederico Pimenta O Pe. José dos Santos visitou as novas oficinas e “Nós, ao visitarmos o local pela primeira vez, ficamos abysmados. O edifício, arejado espaçoso e com muita luz.” (4) Enumera seguidamente os diferentes espaços, salientando os diferentes tipos de maquinaria subjacentes à feitura do Boletim, nos diferentes idiomas. Linhas convergentes Por Frederico Pimenta Releitura dos documentos originais da história dos Salesianos em Portugal. Trabalho ímpar de tantos investigadores, com especial destaque para o Pe. Amador Anjos, historiador, conhecedor profundo e inspirador de dissertações e teses sobre a vida e obra dos Salesianos em Portugal. Boletim Salesiano – ressonâncias de modernização O Padre José dos Santos foi o primeiro diretor e redator chefe do Boletim Salesiano e acompanhou desde o primeiro número da publicação em português (1) a feitura e a redação das impressões que foram feitas nas oficinas de Turim, no Oratório de S. Francisco de Sales, na via Cottolengo. A publicação de 1905 (2) delineia, a par de uma afeição e despedida das funções em Lisboa, um brevíssimo resumo da evolução da revista dos cooperadores salesianos e clarifica o futuro, com projetos e material considerados necessários para a evolução da revista impressa em várias línguas. “Fundou-se uma typographia á parte com machinas proprias, com material moderno, com aviamentos e aprestos emfim, que a pôem a par de qual quer imprensa bem montada.” (3) O Pe. José dos Santos visitou as novas oficinas e “Nós, ao visitarmos o local pela primeira vez, ficamos abysmados. O edifício, arejado espaçoso e com muita luz.” (4) Enumera seguidamente os diferentes espaços, salientando os diferentes tipos de maquinaria subjacentes à feitura do Boletim, nos diferentes idiomas. Deste modo, elenca a MonotYpe, Miehle e a Colt’Armory. Estas máquinas são descritas com pormenores técnicos que, apesar de grande riqueza expositiva, não se matrimonia neste contexto. Demonstra-se a sua eficácia como auxiliares importantíssimos no contacto primordial com todos os interessados da envolvência salesiana. Estamos, nessa altura, afastados das primeiras publicações de D. Bosco, de que o Jovem instruído é exemplo, no ano de 1847. (5) O espírito manteve-se! Em seis documentos fotográficos, testemunha o Padre José dos Santos o empenho realizado para a modernização e o olhar em torno do pensamento de D. Bosco que aludia permanentemente ao papel da propaganda da obra salesiana de todas as formas. A constância da publicação e a sua distribuição pelos leitores aumentou, pois “Há um anno que a regularidade da remessa do Boletim é mais do que extraordinária, visto como no dia 15 do mez antecedente ao proprio é enviado para os seus differentes destinos, com immensa satisfação dos nossos Cooperadores.” (6) Boletim Salesiano – Legenda dos documentos fotográficos Secção Compositores; Secção Estereotypia e Monotype; Secção Dobradeiras; Secção Impressores; Officio de Expedição; Brochadeiras. Esta renovada sequência permitiu uma tiragem mensal de 260.000 exemplares. Curioso será referir que em algumas seções o trabalho essencialmente desempenhado por homens não invalidou a aprendizagem, em seções específicas, por parte de raparigas devidamente acompanhadas pelas Irmãs de Maria Auxiliadora. A assinatura da publicação, ressalvando a situação de pagamento obrigatório, pois a benemerência continuou presente na ação salesiana através da dádiva possível de cada assinante, ficou estabelecida: “(…) 3000 fracos para o Brasil e 900 reis fortes para Portugal, Ilhas e Colonias.” (7) No final deste Boletim, salienta-se o facto de que o Padre José dos Santos “(…) está prestes a deixar a Europa para voltar ao Brasil.” (8) A partida deu-se em outubro de 1904 iniciando-se um período de intenso trabalho deste filho de D. Bosco naquelas paragens da América do Sul, na continuação do trabalho já desenvolvido em Portugal como professor e confessor das Oficinas de S. José de Lisboa e Quinta do Pinheiro. Como vimos em escrito anterior, a primeira edição do Boletim Salesiano, em português, data de fevereiro de 1902. O Boletim Salesiano, foi mensal desde o início da publicação até ao final do ano de 1914. Desde essa altura e por “(…) motivos imperiosos e muito alheios à vontade dos nossos Superiores Maiores, sob cujas vistas é êle redigido, o Boletim Salesiano em língua portuguesa viu-se forçado a sair bimestralmente, (…)“ (9) O Boletim Salesiano português, do ano XXXVI, número 3, de 1939 foi o último bimestral. Nele se dá nota da eleição do novo Papa Pio XII e da mensagem do Superior Geral dos Salesianos, Pe. Pedro Ricaldone, entre outros assuntos das presenças salesianas em diferentes geografias físicas e linguísticas. Deste mesmo número, num particular, fizemos anteriormente ecos da visita do Presidente da República, General Óscar Carmona, às Oficinas de S. José, de Lisboa. “Com êste número entra o Boletim Salesiano Português numa nova fase, reïniciando a sua publicação mensal.” (10) (1) Boletim Salesiano, Revista das Obras de Dom Bosco, Anno I. Fevereiro 1902. N. I. (2) Boletim Salesiano, Revista das Obras de Dom Bosco, Anno IV. Janeiro 1905. N. I. (3) Ibidem. (4) Ibid. (5) Boletim Salesiano, Órgão dos Cooperadores Salesianos, Ano XXXVI – Num. 4, Julho, 1939. (6) Boletim Salesiano, Revista das Obras de Dom Bosco, Anno IV. Janeiro 1905. N. I. (7) Ibidem. (8) Ibid. (9) Boletim Salesiano, Órgão dos Cooperadores Salesianos, Ano XXXVI – Num. 4, Julho, 1939. (10) Ibidem.