Inaugurado em 1970 o edifício mirante da atual Praça de S. João Bosco

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Frederico Pimenta “Lançada a primeira pedra no ano de 1964 foi inaugurado em 1970 (5) o edifício mirante da atual Praça de S. João Bosco. Seis anos ladeiam as duas datas. Nestes limites cronológicos desenvolveu-se uma estrutura arquitetónica moderna que acolheu e continua a beneficiar quem se dirige aos atuais Salesianos de Lisboa.” Linhas convergentes________________________________________________________ Por Frederico Pimenta Releitura dos documentos originais da história dos Salesianos em Portugal. Trabalho ímpar de tantos investigadores, com especial destaque para o Pe. Amador Anjos, historiador, conhecedor profundo e inspirador de dissertações e teses sobre a vida e obra dos Salesianos em Portugal. Foi há 53 anos! No primeiro Boletim Salesiano de 1970, (1) o Pe. Luis Ricceri, Superior Geral dos Salesianos, apresentou, como continuidade da herança de D. Bosco, o lema desse ano “porque o tradicional lema é um convite à caridade.” Foi este pensamento alicerçado em três primícias: “1 – reencontrar o significado autêntico da caridade na mensagem evangélica; 2 – verificar a eficácia na nossa vida pessoal, familiar e comunitária; 3 – renovar o nosso empenho no serviço de caridade que devemos à comunidade eclesial e a todos os nossos irmãos.” Na conclusão afirmava, o que talvez continue presente na contemporânea ambiência mundial, “Vivemos hoje numa situação de profundo mal estar (…).” Igualmente, no ano aqui destacado, além do encerramento das comemorações das bodas de diamante da Província, nos dias 6, 7 e 8 de janeiro, (2) “A Província Portuguesa Salesiana, a 13 de junho, deu início ao seu Capítulo especial. (…) Eis alguns dos temas: A Congregação enraizada no Evangelho; A congregação segundo o autêntico espírito de D. Bosco; A Congregação perante as necessidades dos nossos tempos.” (3) Durante a realização destes trabalhos surge o acontecimento marcante do falecimento do Presidente Dr. António de Oliveira Salazar “às 9.15 horas da manhã do dia 27 de Julho, faleceu na sua residência, em Lisboa…” À notícia de âmbito nacional concluiu o Boletim Salesiano, referindo-se ao desenvolvimento do país, com a evocação “A Obra Salesiana, que sua Excelência conhecia e admirava, tendo visitado a Escola Salesiana do Estoril e as Oficinas de S. José continuará a dar, nesse sentido, o melhor dos seus esforços.” (4) Continuemos, então, a olhar a semeação de acontecimentos coevos, à data de 1970, que marcaram as linhas da publicação salesiana, testemunhas da presença no espaço lisboeta, das Oficinas de S. José e a sua importância regional e nacional. Lançada a primeira pedra no ano de 1964 foi inaugurado em 1970 (5) o edifício mirante da atual Praça de S. João Bosco. Seis anos ladeiam as duas datas. Nestes limites cronológicos desenvolveu-se uma estrutura arquitetónica moderna que acolheu e continua a beneficiar quem se dirige aos atuais Salesianos de Lisboa. (6) Esta edificação materializou-se sob a responsabilidade do Engenheiro Almeida Henriques e do Arquiteto João Simões, e no momento da sua inauguração foi laborado um documento intitulado Oficinas de S. José – Inauguração do novo pavilhão de aulas, datado de 4 de junho de 1970. Nele elencaram-se as altas individualidades presentes, as figuras de S. João Bosco, Calouste Gulbenkian e António de Oliveira Salazar com inscrição de frase atribuída a este Presidente do Conselho. A publicação descreveu sucintamente a metodologia das escolas profissionais salesianas destacando igualmente os pensamentos de D. Bosco sobre as mesmas. A publicação encerra com a apresentação da importância dos Centros Juvenis, o anúncio do futuro Centro de Orientação Profissional e Escolar, no edifício inaugurado, e breves dados estatísticos sobre a existência da obra salesiana. O jornal “A Voz” (7) elaborou um suplemento com as balizas principais deste acontecimento. Segundo as palavras dirigidas pelo Pe. Germano Correia Botelho, Diretor das Oficinas de S. José de Lisboa, decorreram 64 anos até que se concretizou a tão aguardada inauguração deste novo edifício. O reconhecimento da importância do trabalho desenvolvido pela presença salesiana destacou-se na comparência de inúmeros jovens inclusive de outras escolas olisiponenses que se juntaram aos festejos desta inauguração que se iniciou pelas 18 horas com a celebração presidida pelo Provincial dos Salesianos, Pe. Júlio Bastos Pinho. Como sempre, foram recordados os beneméritos que apoiavam as realizações diárias e as excecionais, ao longo dos anos, neste caso as figuras de Calouste Gulbenkian e Duque de Palmela. As palavras de agradecimento do Diretor foram para o Chefe de Estado, o subsecretário da Administração Escolar, o Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian e Senhora assim como os Administradores de Bancos e da Caixa Geral de Depósitos bem como à construtora Amadeu Gaudência na figura do Comendador Amadeu Gaudêncio e, por último, elogiou o Engenheiro e o Arquiteto responsáveis assim como todos os operários que concretizaram a obra arquitetónica composta por sete andares terminando com um terraço com vista panorâmica sobre Lisboa e o rio Tejo, paisagem que desde os primórdios de 1906 deslumbrou os responsáveis salesianos. No âmbito dos ambientes que rodeavam as Oficinas de S. José e prosseguindo a observação do discurso do Diretor da Obra, com clarividência arremessa” …perto de nós, como coroa de espinhos, há barracas e barracas cuja juventude corre para aqui, em avalanchas e que procuram a nossa amizade desinteressada…” (8) O Diretor das Oficinas de S. José, terminando a sua intervenção, ainda de acordo com o exemplar do jornal “A Voz” analisado, fez ebulientes votos “Para que as Oficinas de S. José, este quarteirão ainda mal urbanizado, possam ser a grande cidade dos rapazes, um centro da Juventude Salesiana, a marcar em Lisboa como outros similares em grandes cidades da Europa e da América, muito há a fazer.” ________________________________________________________________________ (1) Boletim Salesiano, Órgão da União dos Cooperadores Salesianos e das Obras e Missões de S. João Bosco, Ano XXVII, N.º 255, Janeiro, 1970. (2) Boletim Salesiano, Órgão da União dos Cooperadores Salesianos e das Obras e Missões de S. João Bosco, Ano XXVII, N.º 255, Janeiro, 1970. (3) Boletim Salesiano, Órgão da União dos Cooperadores Salesianos e das Obras e Missões de S. João Bosco, Ano XXVII, N.º 259, Julho, 1970. (4) Boletim Salesiano, Órgão da União dos Cooperadores Salesianos e das Obras e Missões de S. João Bosco, Ano XXVII, N.º 260, Agosto-Setembro, 1970. (5) Este acontecimento foi vincado no Boletim Salesiano, Órgão da União dos Cooperadores Salesianos e das Obras e Missões de S. João Bosco, Ano XXVII, N.ª 259, Julho, 1970. (6) O início do funcionamento das novas instalações efetuou-se no ano de 1969, no mês de janeiro, com a acomodação da Casa Provincial na então Parada dos Prazeres conforme notícia publicada no Boletim Salesiano, Órgão da União dos Cooperadores Salesianos e das Obras e Missões de S. João Bosco, Ano XXVI, N.º 247, Março, 1969. (7) A Voz, sexta-feira, 5 de Junho de 1970. (8) Ibidem.