| “As coisas melhores são feitas no ar” |

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| “As coisas melhores são feitas no ar” |

Nesta festa de São José, o 2.º ciclo passou o dia a “olhar para o ar”. Foram várias as atividades que motivaram os alunos a circular pelos diversos espaços da escola.

Iniciado em sala de aula, este projeto de 5.º ano abriu os braços e envolveu também os alunos de 6.º ano e a comunidade educativa neste especial. 

Na disciplina de Introdução à Cultura e Línguas Clássicas, durante as aulas, os alunos trabalharam o radical aer- que significa “ar” e que se encontra presente em inúmeras palavras da língua portuguesa. Para além disso, leram o excerto da obra Odisseia de Homero respeitante ao deus Éolo, deus dos ventos, relacionando-o com a “energia eólica”. 

Ao longo do dia da festa, sob o título de “Nuvens Radicais”, os alunos encheram um painel de nuvens com palavras formadas com o radical aer-. Da parte da manhã, na já habitual “Avenida da leitura”, Português e ICLC juntaram-se e contámos com a presença do professor André Ferreira, nosso colega do 3.º ciclo, que, com a amabilidade e entusiasmo que o caracterizam, veio contar o mito de Ícaro, envolvendo e cativando todos os presentes, sensibilizando-os também para arte e para a articulação da mitologia com outras disciplinas. Após a história, os presentes realizaram um jogo interativo e puderam dar vida ao seu Ícaro, construindo-o com materiais reciclados.      

Escreve Manuel António Pina que “As coisas melhores são feitas no ar” no primeiro verso do seu poema “Cabeça no ar”. Para nós, nesta festa, foi gratificante perceber que, em torno de um tema simples, foi possível fazê-los voar sem tirarem os pés do chão. 

Joana Nogueira | Professora de ICLC

Cabeça no ar

As coisas melhores são feitas no ar,
andar nas nuvens, devanear,
voar, sonhar, falar no ar,
fazer castelos no ar
e ir lá para dentro morar,
ou então estar em qualquer sítio só a estar,
a respiração a respirar,
o coração a pulsar,
o sangue a sangrar,
a imaginação a imaginar,
os olhos a olhar
(embora sem ver),
e ficar muito quietinho a ser,
os tecidos a tecer,
os cabelos a crescer.
E isso tudo a saber
que isto tudo está a acontecer!
As coisas melhores são de ar
só é preciso abrir os olhos e olhar,
basta respirar.

Manuel António Pina | Poeta