| O que vejo hoje ao olhar para trás |

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Bom dia! Hoje, sem saber como é que o tempo passou, venho falar-vos enquanto antiga aluna dos Salesianos de Lisboa. Queria começar por agradecer muito por me terem escolhido, de entre tantas pessoas tão indicadas para discursar, para vir partilhar a minha experiência nesta escola.

A memória é realmente uma coisa muito curiosa. Quando andava nos Salesianos, não via bem o que vejo hoje ao olhar para trás. Ás vezes pensava mais nas dificuldades que tinha de ultrapassar, nas rotinas e obrigações que tinha de cumprir, no que custava acordar às sete da manhã para vir para cá. E agora de repente noto que foi precisamente durante dias que me pareciam comuns que construí memórias que hoje recordo tão alegremente. Entre esses dias passaram-se tantas das histórias que agora vou contando, realizei tantos dos feitos de que hoje me orgulho, conheci tantas das pessoas que são agora das mais importantes para mim.

Sem dar por isso, passei oito anos nesta escola. Claro que nem sempre foi fácil, o período de adaptação a um novo local e novas pessoas custou e os anos de maior estudo por vezes pesaram. A verdade é que os tempos difíceis vão sempre existir, mas o que nos marca passado algum tempo, mesmo que sejam só os quatro meses que nos separam do momento em que acabei o secundário, são os dias felizes. São as pessoas que todos os dias vi a trabalhar aqui, que hoje me reconhecem e me tratam como parte da casa. São os professores que tive e os amigos que pretendo manter por muitos anos ainda por vir.
Entre estes dias felizes, encontram-se muitos dos dias deste último ano. Talvez por ser o último de uma era, foi um ano que representou muito para mim e foi provavelmente o mais feliz dos que aqui passei. Foi um ano cheio de dias inesquecíveis, passados tanto com aqueles que me acompanharam ao longo de todos estes anos, como com amizades mais recentes, agradáveis surpresas que não esperava tão perto do fim deste percurso. 

Foi um ano preenchido por momentos únicos, como a nossa viagem de finalistas ou o nosso baile, que tiveram uma grande importância para mim, talvez maior ainda do que estava à espera, e que recordo agora com muita saudade. Por isso queria lembrar os que vão agora viver o último ano de secundário: aproveitem-no bem, não o deixem passar despercebido, porque este é um ano como há poucos.

Cheguei agora a uma etapa diferente, ao meu primeiro ano na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. É sem dúvida um mundo novo em que entrei cheia de entusiasmo e no qual estou muito feliz. Sempre ouvi dizer que, apesar dos desafios que o curso apresentará, os anos de faculdade são os mais felizes das nossas vidas. Eu acredito verdadeiramente que assim seja e cheguei aos meus cheia de expectativas. Mas o que concluí foi que além do que espero para o meu futuro, trago comigo as memórias de um passado muito feliz nesta escola. Ainda me lembro de ver pessoas a discursar e pensar no tempo que ainda faltava para acabar o 12º ano. Hoje, ainda estupefacta por me ver aqui, orgulho-me não só de poder falar deste percurso concluído, como de poder dizer que no caminho construí muitas memórias que, hoje e sempre, merecem ser recordadas.
Muito obrigada

Maria Miguel Monteiro | Representante do 12º ano (antigos alunos)