O teatro é uma arte globalizante, pois contempla várias dimensões. Através da voz, do corpo em ação, do texto, do ambiente sonoro e plástico, os atores transmitem emoções e sentimentos. O teatro é uma arte privilegiada porque permite desenvolver a criatividade, a imaginação, a reflexão, as tomadas de decisão, o respeito, a cooperação, o controle do corpo e da voz… Fazer de conta, acreditar num mundo imaginado e levar o público a acreditar nesse imaginário é um jogo maravilhoso.
Alexandra Reis | Professora de Teatro
QUANDO CRESCER, QUERO SER… 7ºAno
Ontem, dia 11 de junho de 2018 fui ao Auditório 1 do Colégio Salesianos de Lisboa ver uma peça chamada “Quando crescer, quero ser…”. Mas não era uma peça qualquer, porque o meu filho Nuno fazia parte do elenco. E também não era a primeira vez que ia ver uma peça “especial”, porque o meu filho mais velho, o Pedro, também já tinha subido a esse palco, como ator, quando frequentou as aulas de Teatro no 3º ciclo.
O teatro é mágico, mas quando é representado pelos nossos filhos a magia é ainda maior e a peça para além de um espetáculo é uma partilha de emoções.
O melhor de tudo é que todos os alunos que participaram estiveram excelentes. Todos estavam entusiasmados por fazerem parte da grande aventura de serem atores, de experimentarem ser outras pessoas, de se exporem, de criarem e de serem criativos. E no público, a família e os amigos dos jovens atores, também estavam emocionados a vê-los interpretar as suas personagens, a representarem confiantes e felizes, para no final, os aplaudir, muito orgulhosos.
Não posso terminar sem agradecer à professora Alexandra. Ensinar Teatro e encenar uma peça exige dedicação e muita entrega. A professora Alexandra, para além de ensinar técnicas de representação, ensina com muito sucesso, carinho e força, competências de comunicação, interação e valorização pessoal. Obrigada Alexandra, e para o ano aí estaremos de novo para assistir ao espetáculo dos alunos de Teatro do 8º ano.
Rute Norte | Encarregada de Educação do aluno Nuno Norte
EPOPEIA DE MARAVILHAS: DESAFIOS DO POVO PORTUGUÊS – EPÍLOGO 8º Ano
Os nossos atores retrataram uma das épocas mais importantes do nosso país, com a devida nobreza e espírito de conquista, envolvendo e conquistando também o público com a sua maravilhosa atuação. Gostaria de salientar que ver os nossos alunos a representarem personagens tão marcantes, impressiona-nos e deixa-nos orgulhosos! Uma verdadeira surpresa para alguém como eu, professora, pela primeira vez, nos Salesianos de Lisboa.
Maria João Godinho | Professora de Inglês do 3º ciclo
AUTO DA BARCA DO INFERNO DO SÉCULO XXI 9º Ano
“Num cais, dois barqueiros, um Anjo e um Diabo, aguardam passageiros que viajam para o outro mundo. Este é o pano de fundo para o quadro que Gil Vicente, dramaturgo da corte portuguesa no século XVI, desenha da sociedade de então. Representado pela primeira vez em 1517, O “Auto da Barca do Inferno”, tem como ação o julgamento num cais, onde os juízes, um Anjo e um Diabo, discutem quem entrará na barca de cada um, condenando os seus passageiros à viagem para o Céu ou para o Inferno. Por lá passa a representação de toda a sociedade portuguesa da época; desde o Fidalgo ao Parvo, figura recorrente da obra de Gil Vicente e, no final, o Diabo é quem leva mais passageiros na barca. “Mestre de Retórica e de Representação”, Gil Vicente foi contemporâneo dos Descobrimentos mas, ao contrário de Camões, que exaltou os feitos portugueses, fez antes uma crítica mordaz, na caricatura que construiu da sociedade portuguesa de então. Dramaturgo na corte, onde viveu cerca de 35 anos, foi o homem de confiança da Rainha D.ª Leonor e, para além de escrever e encenar as suas peças, organizava também as Festas Reais. Gil Vicente foi consensualmente considerado o “pai” do Teatro português.
Os textos foram inventados, recriados e adaptados pelos alunos, para os nossos dias. As personagens que apresentamos são caricaturas, trata-se de uma sátira e estão perante o juízo final. É este tema que torna a obra de Gil Vicente eterna, intemporal e atual. A condenação e a salvação, tanto no séc. XVI, como nos dias de hoje, tem um grande impacto em qualquer espectador. É sempre interessante ver no que consiste, que medo suscita o problema da morte e o problema da vida, porque esses problemas, tal como Gil Vicente os equaciona no séc. XVI, subsistem no Séc. XXI.
Nascemos e morremos e perguntamos a nós próprios o que fizemos entre uma coisa e outra. Diante do fim, todos desejamos morrer em paz. Em paz connosco e com a vida que levámos. O Diabo que nos condena e o Anjo que nos salva, convivem tranquilamente lado a lado, porque estão dentro de nós. O cais, onde aguardam a barca do inferno e do paraíso, não fica em parte incerta. Tem uma localização muito precisa: o interior da nossa cabeça.”