Tornar meu um Colégio

> Seara > Tornar meu um Colégio

José Tojo

A primeira coisa que me marca num sítio é o cheiro. Todas as escolas têm um cheiro característico que se esquece à medida que os dias passam. É isso e a ordem caótica dos recreios. Parecem todos iguais na confusão, mas todos são diferentes. Há traços característicos que identificam as escolas para além dos símbolos e daquilo que se escreve sobre elas.

No papel, as escolas são espaços de compreensão fácil. E fazer uma escola também parece fácil. Constroem-se paredes, juntam-se os professores, entendemo-nos para cumprir os básicos das disciplinas e os pais colocam lá os filhos. A receita existe e é fácil de seguir. Segue-se em todo o lado, multiplicando estes espaços que todos reconhecem. No entanto, nenhuma escola é igual à outra. Todas têm um barulho próprio que é próprio das pessoas de lá.

Quando entrei aqui para conversar com o José e a Marta, gostei do que vi. Senti que poderia ter um papel neste sítio. Fiquei perto de estar convencido antes de conversar. Senti-me desafiado a sair do meu conforto e procurar outra realidade.

Senti-me bem recebido. Os professores e os vigilantes, habituados à casa, têm estado a orientar-me pelas salas e corredores. Os miúdos que me calharam falam, são reguilas, sossegam quando peço e ouvem-me. Os pais, pessoas como eu, ouviram-me e tiveram a paciência de me ouvir sobre uma realidade de escola que conhecem muito melhor do que eu. Até aqui tudo bem.

São estas as pessoas do Colégio. É este o Colégio que estou a tornar meu.
A escola são as pessoas que a fazem e eu espero ser mais um a contribuir para que a escola fique sempre melhor.

José Tojo | Professor