Bem, começar a escrever um texto não é uma tarefa nada fácil, nem para mim nem para ninguém. Eu sou o Manel, um normal rapaz de 14 anos. Aliás 13, quase 14. Estudo nos Salesianos de Lisboa. Escola católica mas na qual, eu dizia ter fé mas na verdade eu nunca, mas nunca soube o que isso realmente é… Fé, Deus, Maria, Jesus, 25 Dezembro, pai-nosso, ave-maria, missa… Começando pelo fim:
MISSA: Missa para mim era ouvir um homem, geralmente velho a dizer coisas que eu não queria saber, ao que eu respondia sempre de igual forma, basicamente todas as semanas era a mesma coisa por isso fazia os possíveis e até os impossíveis para não ter de lá ir. E quando ia contrariado ainda era pior. Ficava sentado com o relógio na mão a ver quando passava aquela hora perdida do meu domingo. Entretanto falava com muitos amigos da minha escola sobre isto e todos diziam: “Ah isso são mentiras que alguém decidiu escrever num livro”; “Jesus foi uma pessoa como outra qualquer” e coisas deste género. E depois há outro problema. Fui novamente à missa a pensar realmente qual o objetivo e fiquei aqueles 45 minutos muito concentrado e muito focado no padre e nos leitores. Mas, por azar, já tinha ouvido aquele evangelho, por isso era ouvir outra vez a mesma coisa.
II. Até que chegou o dia em que acordei. Como tudo e todos, chegamos a uma altura em que crescemos e percebemos o que realmente é importante. Para mim nestes tempos era um telemóvel novo, uns óculos de sol de 100€, uma câmara de última geração, um mp3… Tudo bens materiais. Tudo coisas que na altura nos fazem felizes. Mas não é um feliz verdadeiro, é um feliz que eu considero superficial. Uma felicidade que não muda a minha vida. Ao contrário de Deus. Vou contar-vos como Deus ganhou importância na minha vida.
Era dia 23 de junho de 2017 (domingo) e nós (a minha família) tinha acabado nesse próprio dia de chegar de Cabo Verde onde fomos passar férias. Ao chegar a casa a minha mãe relembrou-me que no dia seguinte, teria um acampamento chamado MJS (Movimento Juvenil Salesiano). Eu, muito cansado, disse que não ia e “pufff”, adormeci no sofá. No dia seguinte acordei com o meu pai a dizer que tinha tudo pronto para ir. E lá fui. Ao chegar ao autocarro, o padre Luís convidou-nos logo a rezar um pai-nosso para a viagem correr bem. O que me levou logo a dizer: para quê? Corre sempre bem. Isso não vai mudar nada. Se eu soubesse que a minha vida ia mudar daqui para a frente ao saber realmente quem era Deus… Até lá, a vida cristã para mim era tão importante como esta mosca que acabou de pousar em mim por 3 segundos e depois seguiu a sua vida.
III. Logo no primeiro dia de acampamento comecei a ouvir falar muito de Deus, Jesus, etc. “Não tenhas medo, Deus protege. Quem não vive para servir não serve para viver. Faz/Faça-se em mim…” e muito mais. Mas isso também devo agradecer à organização. Em especial à Joana (minha animadora). Ela que fala muito bem e que nos fez pensar muito no que dizia. Vou dar um exemplo: tínhamos acabado de fazer um jogo. Fomos convidados pela animadora que deve ser a mais nova (de 18 anos) mas a que mais mexeu comigo. A Joana tinha uma caixa na mão e disse:
“Dentro desta caixa está um desafio para vocês. Dentro desta caixa estão coisas do género de andar descalço o resto do acampamento, mesmo com picos do chão, não comer no resto do acampamento e atividades similares. Há voluntários?” Apenas 4 pessoas puseram o dedo no ar e uma foi escolhida aleatoriamente. Adivinhem o que estava dentro da caixa? Chocolate. Chocolate. Como é que é possível um ser humano ter medo de chocolate? Na verdade nós estávamos com medo era do que a Joana dizia. E não realmente do que lá estava.
E nestes 15/20 minutos percebi que não é preciso ter medo pois Deus está connosco onde quer que estejamos. Como dizia a música “NÃO TENHAS MEDO”.
Logo nesse dia houve uma missa e eu participei. Prestei atenção e ouvi um lindo Evangelho. Senti que pela primeira vez, tinha sentido felicidade por ouvir algo que tinha sentido para mim. Afinal Deus não era aquele enigma que muitos dizem que existe, outros dizem que não… Deus que vive no céu e olha por mim. Jesus é uma pessoa que deu a vida por nós. Por todos nós. Desde aquele que vive no lixo, ao que desperdiça comida. Jesus ama-nos a todos. Não é pela cor da minha pele, sotaque, tamanho, que Jesus me ama mais ou menos. Jesus deu a vida por nós.
Eras capaz de dar a tua vida por alguém?
Afinal rezar tinha um sentido: a felicidade.
Manuel Conceição | 9ºA