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8Hoje de manhã encontrei à saída do metro um pai que participou no workshop de Disciplina Positiva que dei no início do mês.

Trocámos os bons dias e algumas palavras de circunstância, perguntei pelos filhos e quando eu me preparava para seguir caminho, percebi pela sua expressão inquieta que queria falar. Desabafar.

Não tardou a contar-me que andava a sentir-se em baixo, frustrado, desesperado. Tudo por causa dos constantes ataques de fúria do filho mais velho de 5 anos. Disse-me que já tinha tentado tudo. E que ralhar ou castigá-lo só estava a piorar as coisas.

Convidei-o para um café e expliquei-lhe que uma criança que se porta mal é uma criança desanimada. E que a melhor forma de enfrentar aquele tipo de comportamento é através do estímulo. Vi-o torcer o nariz enquanto eu falava, percebi que achou a ideia um disparate. E verbalizou-o: “Estímulo? Mas assim estarei a premiar o mau comportamento dele”. Respondi que não, que uma criança se porta melhor quando se sente melhor.

Ficou a pensar uns segundos no que lhe disse e decidiu experimentar uma sugestão que lhe dei, que tem tido bons resultados em minha casa, com os meus filhos. Combinámos falar uma semana depois, para saber como tinha corrido.

Voltámos a falar uns dias depois, como acordado. E nem foi preciso eu fazer perguntas. “Anteontem, quando o filho começou a fazer uma birra daquelas, pus-me de joelhos à altura dele e disse-lhe: ‘Preciso de um abraço!’

Perguntei-lhe como tinha reagido a criança. “Ficou surpreendido e disse-me, entre lágrimas: ‘o quê?’ Voltei a dizer-lhe que precisava de um abraço e ele, atónito, perguntou: ‘Agora?’ Respondi-lhe que sim e, a custo, lá me abraçou”.

A birra tinha terminado. E pai e filho ficaram ali, envolvidos num longo abraço.

Nuno Martins | 26 de setembro de 2017 |  http://wp.me/p6yznZ-4DG