| Dia da Europa, com o Prof. Adriano Moreia |

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seara_29_01No passado dia 9 de maio, Dia da Europa, celebraram-se os 60 anos da assinatura dos Tratados de Roma, que vieram abrir caminho para a estabilização da paz, democracia, prosperidade e solidariedade no continente europeu, a par dos 30 anos do Programa Erasmus, um importante apoio interuniversitário de mobilidade de várias gerações entre Estados-membros da União Europeia e Estados associados.

Inspirado em Jean Monnet, Robert Schuman propôs, a 9 de maio de 1950, a constituição de uma comunidade no seio da Europa, com a finalidade de gerir o carvão e o aço (duas matérias-primas base da indústria e do poderio militar). A “Declaração Schuman” viria a culminar, em 1951, na assinatura do Tratado de Paris, instituindo a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Em 1957, a esta pioneira organização supranacional, seguiu-se a instituição de outras duas comunidades europeias: a Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA) e a Comunidade Económica Europeia (CEE), percursora da atual União Europeia.

Com efeito, para assinalar a comemoração do Dia da Europa, foi organizada uma conferência dinamizada pelo ilustre estadista e notável estudioso de assuntos de política internacional Prof. Dr. Adriano Moreira. Natural de Macedo de Cavaleiros e antigo Ministro do Ultramar, conta hoje com 94 anos de idade e é um exemplo de cidadania ativa para todos nós.

Muitas foram as sábias palavras proferidas pelo Prof. Dr. Adriano Moreira, durante a conferência e que nos tocaram de forma particular. De entre as várias situações referidas, podemos destacar o importante papel que os jovens terão no futuro da União Europeia, atendendo aos muitos desafios que, na atualidade, este projeto enfrenta.

Foi reconhecido que sem a União Europeia a nossa condição seria pior. Pelo que, além do sentido patriotista, é urgente desenvolver um sentido europeísta para não deixarmos esta instituição, que deve promover a coesão territorial, desmoronar.

Ainda neste contexto, partilhou um novo conceito – inidentidade – e alertou para os populismos que ameaçam o sentido de união. Estes surgem porque a maioria dos partidos não está a corresponder às necessidades e desafios que resultam do globalismo, bem como da falta de confiança nos atuais partidos políticos.

O problema reside na ausência de uma visão global, capaz de inserir Portugal na Europa e no mundo, pois internamente há muitas questões relacionadas, sobretudo, com o sistema financeiro, que centralizam as preocupações.

Numa fase designada, pelo Prof. Dr. Adriano Moreira, como “outono ocidental”, de tempos difíceis, urgem respostas para a promoção de um crescimento sustentado, mais emprego, maior união, solidariedade e tolerância entre todos nós.

Assim, do seu ponto de vista, o grande desafio da geração atual passa pela resposta às exigências relativas ao futuro da Europa. Reforçou a importância da promoção dos bons valores na educação para a cidadania, bem como a importância que a Nações Unidas conferem à auscultação da figura papal.

Nos próximos meses, a Comissão Europeia irá apresentar alguns documentos de reflexão em torno de questões essenciais para o território europeu, a saber:

– desenvolver a dimensão social da Europa;

– aprofundar a União Económica e Monetária;

– tirar partido do globalismo;

– o futuro da defesa da Europa;

– o futuro das finanças da União Europeia.

De igual modo, a Comissão Europeia promoverá debates públicos com o Parlamento Europeu e os Estados-membros, bem como disponibilizará consultas online, para que os cidadãos europeus possam expressar-se e partilhar a sua visão relativa aos desafios que o projeto europeu enfrenta.

O Prof. Dr. Adriano Moreira ofertou, à biblioteca dos Salesianos de Lisboa, um livro autografado, no qual constam algumas das suas experiências de vida contadas na primeira pessoa.

Por fim, partilha-se uma última mensagem que se apresenta como o pilar para a construção de um mundo e futuro melhores: o poder da palavra vence a palavra do poder.

Catarina d’Orey, 10.ºH1

Vânia Morais, professora de Geografia