| Pontos de interrogação e frases feitas…|

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O que vemos? Quando eu estava a meio de uma aula, no liceu, o meu professor de inglês fez uma pequena marca de giz no quadro. Um ponto exatamente como este:

Ele perguntou à turma o que era aquilo. Passados alguns segundos, alguém disse: É uma marca de giz. O resto da turma suspirou de alívio, porque o óbvio foi dito e ninguém tinha mais nada a dizer. Vocês surpreendem-me, disse o professor, olhando para o grupo. Fiz o mesmo exercício ontem, com uma turma do jardim-de-infância, e eles pensaram numas cinquenta coisas diferentes: o olho de uma coruja, uma ponta de charuto, o topo de um posto telefónico, uma estrela, uma pedrinha, um inseto esmagado, um ovo podre e assim por diante. Eles realmente estavam com a imaginação a todo a vapor.

Nos dez anos que vão do jardim-de-infância ao liceu, nós tínhamos aprendido a encontrar a resposta certa, mas também havíamos perdido a capacidade de procurar outras respostas certas. Tínhamos aprendido a ser específicos, mas havíamos perdido muito em capacidade imaginativa. Como bem observou o educador Neil Postman, Quando as crianças vão para a escola, são pontos de interrogação; quando saem, são frases feitas.[1]

[1] OECH, R., Um “Toc” na Cuca, S. Paulo, 1988, pg.34 in Manual 10ºano de Introdução à Filosofia, ASA ed.