Vivemos em tempos de guerra, lutando contra um inimigo que não sabemos como derrotar. Todos os dias a lista de defuntos cresce e há cada vez mais infetados. A Terra está a ser abalada por este vírus que ignora quaisquer fronteiras. As manchetes das notícias giram todas à volta dele, desta pandemia, de como a economia está a ser afetada, de como a taxa de desemprego aumentou, da falta de ventiladores e médicos… Mensagens de esperança inundam as redes sociais. Todos são afetados de alguma forma pela situação que vivemos, esta epidemia que está a mudar a nossa vida, a nossa visão do mundo… Está a mudar-nos a nós.
Antes, queixávamo-nos quando tínhamos de ir para a escola ou ao supermercado, quando éramos obrigados a largar a televisão e a ir passear o cão, até mesmo quando tínhamos de ir a um jantar de família que nos impedia de sair com os amigos. Agora, quase que pagávamos para o fazer, para poder sair de casa e estar com outras pessoas. Esta pandemia tem-nos ensinado muito. A vida muda e todos temos de nos adaptar. Do meu ponto de vista, esta é uma das consequências positivas da epidemia que vivemos: a mudança que se opera nas pessoas, aparentemente, para melhor. Aprendemos a ser gratos pelas coisas mais pequenas: agradecendo qualquer contacto que afaste a solidão, todos os dias de sol que nos são dados e, alguns, até a dádiva que é viver. A dar valor ao que antes tomávamos como garantido. A apreciar a vida na sua forma mais simples. A ser mais otimistas e a espalhar esse otimismo e esperança pelas pessoas que nos rodeiam. A viver um dia de cada vez, sem saber o que o futuro nos reserva. Essencialmente, aprendemos a amar com mais intensidade. A amar a vida, a nossa família, os nossos amigos, tudo e todos.
Para ser honesta, acho que esta quarentena era necessária já há muito tempo. Não só pelo que referi acima, nem porque nos abriu os olhos para todos os problemas que precisam de solução, nem sequer por estar a ajudar a salvar o nosso planeta da crise climática por que está a passar. Mas, sim, pela união. Não falo só entre famílias e amigos, mas sim da união entre toda, mesmo toda a humanidade.
Isto não é algo que possamos combater sozinhos. Não é uma questão de cada um por si. Assim, a população de todo o mundo teve que se unir, ignorando todas as diferenças e divergências. Ao vírus não importam nacionalidades, géneros, religiões nem raças. Todos são iguais e estão em perigo. Logo, nós também tivemos de aprender a fazê-lo. E conseguimos. É nestas alturas que realmente percebemos como o Homem é poderoso. As guerras foram paradas, formaram-se alianças entre países, a população ouviu o que lhe era pedido e obedeceu. Mais, lutou. Está a lutar, todos os dias, para salvar os seus irmãos e irmãs. Alguns, lutam na frente de combate: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, bombeiros, entre outros, que arriscam a sua vida para salvar a do outro, recebendo, por isso, uma enorme gratidão por parte de toda a sociedade. Os restantes fazem o que lhes é possível, auxiliando de outras maneiras quem mais precisa ou apenas cumprindo as regras, zelando pela proteção de todos, o que, por si só, já é uma grande ajuda. Resumidamente, estamos a aprender uma das lições mais importantes da vida – o amor ao próximo.
Sinceramente, não estou aqui para dizer que vai ficar tudo bem, porque não sei se vai. Tal como todos, tenho esperança que sim. Se continuarmos este caminho de entreajuda que temos vindo a percorrer, acredito que iremos ultrapassar estes tempos difíceis. A nossa humanidade foi testada com este vírus. Perante esta situação, mostrámos como somos verdadeiramente, os valores e princípios que seguimos e mudámos muitos dos nossos defeitos. Uma coisa é certa: após esta provação, o mundo transformar-se-á num lugar melhor e muito diferente. Provavelmente, os nossos hábitos vão alterar-se. Será que continuaremos a dar beijinhos e abraços com tanta frequência? Passaremos a usar máscara no nosso dia a dia? Será que passaremos a ir menos a lojas e a utilizar mais a internet para fazer compras? Passará a trabalhar-se mais em casa? Alterar-se-ão os métodos de ensino? Teremos de esperar para ver que futuro nos espera e como será este mundo pós-pandemia.
Benedita Lobo | 9.ºG