Pormenores timorenses – viagem do Provincial às missões do Oriente – 1959

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Por Frederico Pimenta

Releitura dos documentos originais da história dos Salesianos em Portugal. Trabalho ímpar de tantos investigadores, com especial destaque para o Pe. Amador Anjos, historiador, conhecedor profundo e inspirador de dissertações e teses sobre a vida e obra dos Salesianos em Portugal.

Pormenores timorenses – viagem do Provincial às missões do Oriente – 1959

O Boletim Salesiano (BS) resume, de acordo com os relatos do Pe. Armando da Costa Monteiro, as deambulações por territórios da Ásia e, no específico deste nosso redigir, ao território de Timor. Um grande título inserido no BS transporta-nos para um feito ilustre: “O Rev.mo Inspector Português relata ao nosso «Boletim» as impressões da sua viagem”. (1)

“Viajar de Lisboa até ao Extremo Oriente é percorrer os caminhos gloriosos dos nossos arrojados guerreiros e navegadores (…)”. Traduz, desta forma, o ilustre Provincial a sua fatigante, mas proveitosa viagem às terras de Missão. A admiração por tamanha façanha é sobrelevada, pois “Quem poderia pensar há poucos anos que em três dias se percorriam cerca de 20.000 quilómetros?” (2)

O entusiasmo do Pe. Inspetor fica expresso nas suas sentidas palavras: “Com que emoção ao romper de alva seguido do alto do avião todo o percurso das ilhas da Indonésia, e como me pulou o coração ao atravessar Timor, e ao abraçar os Salesianos (…)”. (3)

O extenso artigo, com as opiniões do Pe. Monteiro, que se estende por vários números do BS agrega os diferentes territórios visitados e a sua importância no conjunto do trabalho missionário. Sobressai, neste escrito, a passagem por Timor, como referimos anteriormente. Em Timor, o Pe. Monteiro esteve na missão de Fuiloro, visitando os Centros existentes; em Dili estabeleceu contatos com as entidades oficiais e fundou a Pia União dos Cooperadores e a Arquiconfraria dos Devotos de Nossa Senhora Auxiliadora. Sobre os jovens deste território considerou-os “(…) afeiçoadíssimos aos Salesianos (…)”. (4) Outros locais foram visitados e elencam-se Moro, Tutuala, Iliómar e Luro. Ainda nas missões católicas da diocese visitou Manatuto, Baucau, Ossu e Ermera.

Pormenor de extrema importância no contexto da presença salesiana e a nível da política portuguesa, advém de um reparo descrito a propósito de um almoço realizado: “todos me entenderam em português. Há oito anos atrás, ninguém o falava”. (5)

As descrições elencadas pelo BS, tendo como origem o Pe. Armando Monteiro, desenham um traço muito interessante do território timorense nesta época de 1959. Conseguimos distinguir lineamentos dos habitantes locais e algumas tradições, métodos de agricultura praticado, bem como a existência de petróleo: “Nem falta em terrenos tão rico o petróleo”. (6) Perspetivando o futuro, destaca a importância da existência de escolas agrícolas e profissionais. 

Sobre a importância do território timorense, o BS, na dependência das intervenções do Pe. Inspetor, alude a números reveladores sobre a sua realidade, nomeadamente: 30.000 católicos nos 450.000 habitantes, 12.000 alunos das missões e a existência de um seminário. Realça também o trabalho desenvolvido, “Mercê do esforço de S. Ex.ª Rev.ma o Senhor D. Jaime Goulart, Bispo de Timor, esta província tem progredido consoladoramente.” (7)

O espaço missionário que maior destaque mereceu do Pe. Armando Monteiro foi Fuiloro: “O Rev.mo Inspector Salesiano considera a Missão de Fuiloro, Timor, como a nossa Obra que mais honra tem atraído à Congregação”. (8) Dela destaca a permanência de quatro sacerdotes e quatro irmãos coadjutores. O BS, enaltecendo a envergadura “de historiador” (9) do Pe. Monteiro, enumera factos diretamente relacionados com este espaço privilegiado: fundação em 31 de janeiro de 1948 no lugar de Ira-Moço, com sede no lugar de Fuiloro, a existência de imensas terras de cultivo e pecuária, construção de edifícios com várias utilidades e central-hidroelétrica; em data subsequente, 24 de outubro de 1952, a ocupação e desenvolvimento das atividades nestas novas construções.

O elenco fornecido nesta descrição apresenta-nos números interessantes relativamente ao trabalho desenvolvido, neste momento cronológico, naquela presença salesiana: 125 internos, 84 externos no ensino primário, Oratório Festivo, rudimentares oficinas e atividades missionárias.

O artigo publicado no BS apresenta ainda um esboço geográfico, através de um mapa rudimentar, sobre o trajeto realizado pelo Pe. Inspetor nos trilhos de Timor, na década de cinquenta, do século XX. (10)

O Pe. Inspetor traçou ainda um quadro de possíveis realizações com vista ao futuro. São elas a formação com a 4.ª classe, curso agrícola, trabalho de carpintaria e mecânica. “Pela mente do Rev.mo Inspector Salesiano passa um mundo de projectos para incremento das Missões Salesianas”. (11)

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  • Boletim Salesiano, Órgão das Obras de D. Bosco, Ano XVIII, N.º 143, Maio, 1959.
  • Ibidem.
  • Ibid.
  • Boletim Salesiano, Órgão das Obras de D. Bosco, Ano XVIII, N.º 144, Junho, 1959.
  • Ibid.
  • Ibid
  • Boletim Salesiano, Órgão das Obras de D. Bosco, Ano XVIII, N.º 145, Julho, 1959.
  • Ibidem.
  • Ibid.
  • Ibid.
  • Ibid.