Como educadores salesianos somos chamados a ajudar as nossas crianças a acreditar na vida, na sociedade, no futuro e, sobretudo, convidá-los e motivá-los a serem agentes na sua transformação e na sua construção. Assim, temos vindo a refletir e a debater alguns temas relacionados com a educação e com a escola que queremos para as nossas crianças de hoje e, com alguma naturalidade, chegámos à conclusão que estava na hora de inovar.
Inovar, um dos maiores desafios que se nos impõe, de forma clara e urgente.
Inovar, porque a escola não pode continuar a ser uma fábrica de alunos, onde estes são submetidos a modelos pedagógicos centrados nos conteúdos e no professor.
Inovar, porque somos chamados a fazer algo diferente do habitual, algo “fora da caixa”, romper com as práticas fortemente enraizadas dentro de cada um de nós e da nossa escola, reconfigurando a figura do professor e da própria escola.
Inovar, segundo um dos princípios fundamentais que determinam a pastoral juvenil hoje, com e em favor dos nossos alunos, privilegiando o protagonismo das crianças, baseando a aprendizagem num diálogo sincero e transparente, onde a criança não seja um mero destinatário, mas o construtor da sua própria felicidade.
Inovar as nossas práticas pedagógicas, tornando-as mais significativas para os nossos alunos, pois eles precisam de ser construtores ativos do seu conhecimento.
Inovar, pois está na hora de olhar para o futuro com novas lentes, preparando os nossos alunos para um mundo mais exigente, criativo, crítico….
Inovar, porque a escola não pode viver dissociada da realidade e do mundo real.
Inovar, tornando a aprendizagem mais significativa, envolvendo o aluno num processo criativo, organizado e livre, centrado nos seus interesses e relacionado com o mundo atual.
Neste contexto, fomos convidados a uma mudança de paradigma e, consequentemente, de atitude.
O professor, poeta, teólogo e cardeal português, José Tolentino Mendonça, no livro O pequeno caminho das grandes perguntas, fala desta reconfiguração da figura do professor (e do padre) na sociedade. O cardeal convida os educadores a serem guias de estrada, a serem perguntadores, pois “o que o professor tem de mais dinâmico é fazer perguntas, estimular perguntas e ajudar os estudantes a procurar respostas, muitas vezes, novas respostas”.
Esta perspetiva exige assim uma reconfiguração do professor, onde deixamos o lugar cómodo das respostas e damos lugar às perguntas; o professor como o perguntador, pois as “respostas têm um tempo de validade breve e precisam sempre de adequações enquanto as perguntas são universais” e precisam sempre de uma escuta ativa por parte do educador.
Perante este cenário e vivendo segundo o espírito de D. Bosco, quisemos tornar possível o que à partida parecia impossível, assim, este ano letivo, nós, Professores do 1º Ciclo, aventuramo-nos como guias de estrada, mas não de uma autoestrada, que se quer segura, cómoda e sem grandes surpresas pelo caminho, mas de uma nacional, com dificuldades de circulação, riscos de segurança, buracos pelo caminho, pois é aquela que nos parece representar melhor o nosso mundo de hoje. Desta forma, queremos acompanhar de forma real e verdadeira as nossas crianças no seu percurso de discernimento vocacional.
Neste ano, em que o tema da nossa pastoral juvenil é “ÉS MISSÃO! ESTOU CONTIGO!”, abraçamos o tema, com a consciência e vontade de inovar a nossa ação educativa e encaramo-lo numa perspetiva de grupo e equipa educativa, traduzido num trabalho colaborativo entre todos os intervenientes da nossa comunidade escolar, professores, alunos e encarregados de educação, todos juntos SOMOS MISSÃO!!!
Desta forma, a aprendizagem e o desenvolvimento saudável dos alunos são as nossas principais preocupações, assim, a tónica é posta na valorização do trabalho diário dos alunos e no feedback sistemático por parte dos educadores. Cabe ao docente fazer uma monotorização regular e constante da evolução de cada um dos seus discentes, em estreita parceria com os outros educadores envolvidos no processo ensino-aprendizagem.
Neste sentido, destacamos as principais inovações do 1º Ciclo:
Avaliação formativa/monotorização sistemática:
Ajuste das percentagens nos critérios e instrumentos de avaliação (aquisição de conhecimentos e atitudes e valores);
Avaliação qualitativa no 1º Período, para o 1º Ano (abolição de avaliação quantitativa, foco numa síntese descritiva de cada aluno, antecipando possíveis dificuldades e projetando estratégias de acompanhamento para o sucesso de cada um);
Diminuição do número de testes, criando mais momentos avaliativos e diversificados;
Autoavaliação e heteroavaliação.
Trabalho por Projetos Interdisciplinares e equipas educativas
1º Ano – dois docentes em sala de aula – Professor Titular + Professor Coadjuvante;
3º e 4º Ano – corresponsabilidade pelas aprendizagens globais de um grupo alargado de alunos – duas turmas – de um mesmo ano:
Agrupamento flexível dos alunos – redistribuição dos alunos por grupos de dimensão e configuração variável;
Planificação conjunta dos tempos – (re)alocação dos grupos de alunos aos diferentes professores de acordo com as suas necessidades.
Técnicas Laboratoriais – Projeto ABCiência , no laboratório, em parceria com as Professoras de Ciências, Maria Fátima Cruz Fonseca Cruz e Soraia Filipa Ferreira Félix.
Atenção plena
Este ano, o 1º ano de escolaridade, vai contar com a presença semanal de técnicos do DPNE em sala de aula, para introduzir práticas de atenção plena (mindfulness), em articulação com os professores titulares. O objetivo destas dinâmicas é fornecer ferramentas de controlo de atenção e autorregulação emocional aos alunos (maior consciência das emoções, sensações e pensamentos).
Acreditamos e esperamos que estas pequenas mudanças nos conduzam a grandes sucessos educativos.
Beatriz Lemos | Professora do 1º ciclo