Às vezes, andamos assim, perdidos na vida, precisamos de alguém que saiba abrir caminho, indicar uma direção, apontar o rumo do Norte. Perdemos as “bússolas” que deviam orientar a nossa vida, ficamos baralhados com tantas indicações que os “GPS” nos dão e desnorteamo-nos, deixamos de saber onde está o ponto cardeal mais importante para nós.
Dar bons conselhos a quem duvida, a quem tem hesitações, a quem se sente dividido foi o tema do Bom Dia das turmas E do 3º ciclo, no passado dia 13 de fevereiro, e é também a primeira obra de misericórdia espiritual proposta pela Igreja.
Dar bons conselhos é uma ajuda concreta por parte de quem compreende as dificuldades e as dúvidas do outro, seja uma questão de fé, seja em relação aos seus sentimentos, seja nas opções ou decisões que tomamos na vida.
Todos precisamos de ser aconselhados, na verdade, todos precisamos de ser BEM aconselhados em alguns momentos da nossa vida. No entanto, esta questão dos “bons conselhos” é complexa e há, pelo menos, três riscos que temos de evitar a todo o custo:
1. Temos de evitar o risco de pedir conselho sobre alguma coisa que já decidimos, apenas como pretexto para obtermos uma maior segurança. Muitas vezes, pedimos conselhos a este e àquele, acabando por aumentar a nossa incerteza e a nossa confusão.
2. Temos de evitar o risco de pedir conselho como quem espera do outro uma “solução milagrosa”, uma resposta clara, uma espécie de ordem, uma certeza absoluta para as nossas dúvidas. Ora, quem pede um conselho não pode querer que o conselheiro o substitua na sua consciência nem na sua decisão, que deve ser pessoal e, principalmente, livre. A decisão é sempre da responsabilidade da pessoa que pede ajuda.
3. Temos de evitar o risco de escolher mal o conselheiro. Há o risco de pedir um conselho a uma pessoa que é parte interessada no problema ou com quem estamos comprometidos. Só pode ser bom conselheiro quem tem, em relação a nós, a liberdade de coração e o distanciamento necessário.
O Papa Francisco tem sido uma pessoa muito atenta aos jovens e à sua importância no futuro do mundo, por isso mesmo, em março de 2019, publicou a exortação apostólica “Cristo Vive”, dirigida especialmente aos jovens de todo o mundo. Neste texto, são evidentes alguns conselhos que nos tocam o coração e nos interpelam:
1. Por favor, não deixes que outros sejam os protagonistas da mudança.
2. A amizade não é uma relação passageira, mas estável, firme, fiel, que amadurece com o passar do tempo. Cultiva-a diariamente!
3. Sai de ti mesmo para procurares o bem dos outros!
4. Não aceites que usem a tua juventude para fomentar uma vida superficial, que confunde a beleza com a aparência.
5. Deita fora os medos que te paralisam! Vive! Entrega-te ao melhor da vida!
6. Enquanto lutas para dar forma aos teus sonhos, vive plenamente o hoje, entrega-lhe tudo e enche cada momento de Amor. Porque é verdade que este dia da tua juventude pode ser o último, e então vale a pena vivê-lo com toda a garra e com toda a profundidade possível.
“Carpe Diem” – Aproveitem o dia! Para isso, sem dúvida que é preciso ter os ouvidos bem abertos, mas o coração também. Se não escutarmos os bons conselhos, se não os interiorizarmos, se eles não operarem mudanças em nós, tudo será em vão. Também será em vão, se ao recebê-los, mas não formos capazes de sair de nós mesmos para os oferecermos aos outros.
Nuno Santos, Susana Neves e Rui Branco | Diretores das turmas E
