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seara-13-cooperacao“Já imaginou o bom que seria se alguém, de vez em quando, lhe dissesse de forma clara e honesta o que pensa do seu trabalho e o que poderá fazer para melhorar? Quantos erros poderia corrigir e quantas imperfeições limar? Já para não falar da hipótese de o poderem ajudar com as suas dificuldades e trabalhar consigo para as colmatar ou pelo menos evoluir nesse sentido. Já pensou como seria? Aproveite para o fazer com os seus alunos” (Machado, 2011: 63).

O que nós somos ouve-se muito melhor do que aquilo que nós dizemos. Os nossos alunos e colegas de trabalho respeitam-nos sobretudo pelo que somos. Com facilidade encontramos educadores que transmitem verbalmente valores louváveis, sem se aperceberem que a mensagem dificilmente passa porque vai vazia, sem o seu grande suporte: a vida. É apenas uma mensagem de palavras. 

“Conceber a escola como tarefa coletiva é transformá-la num lugar onde se analisa, discute e reflete, em conjunto, sobre o que está a acontecer e sobre o que se pretende alcançar. É partilhada a convicção de que se as pessoas trabalharem em conjunto, todos podem aprender uns com os outros, podem partilhar as realizações profissionais e pessoais, e também as dificuldades e problemas existentes no ensino“ (Bolívar, 2012: 128).

Sabemos que a cooperação entre alunos faz milagres. Entre educadores fá-los também. É importante recordar com frequência que a cooperação entre os educadores é um fator de crescimento individual e coletivo, e contribui decisivamente para a criação do bom clima de escola que se deseja. “…e a partilha de ideias entre colegas, a observação recíproca de aulas, o feedback sobre as respetivas práticas e o trabalho conjunto para melhorar os processos de ensino” (Lima, 2002 in Lima, 2008: 199).

Parece-me igualmente importante estimular o sentido de pertença dos alunos e dos educadores, a par da clareza dos princípios que evidenciam a identidade da escola. A cooperação é naturalmente estimulada quando há uma proposta educativa clara e conhecida, que é lembrada diariamente e que não se reduz a um molho de palavras bonitas amordaçadas numa pomposa encadernação.

Em meu entender, a cooperação que se deseja e na qual se acredita tendo em vista o clima de trabalho saudável e o sucesso de todos e de cada um, é muito facilitada quando está presente na hora da elaboração dos projetos e das atividades. Tenho aprendido ao longo destes anos que é mais difícil conseguir verdadeira e eficaz cooperação, quando o projeto é de uma pessoa e essa pessoa pede a colaboração de outros para o desenvolvimento do seu projeto. A cooperação ganha nova alma quando todos os intervenientes conseguem chamar seu, ao projeto que estão a desenvolver. Quando o projeto nasce de ideias, tarefas e responsabilidades partilhadas. Quando cada um dos envolvidos sente que faz parte dele. 

José Morais | Diretor Pedagógico