No passado dia 6 de novembro os alunos de Física do 12º ano tiveram o privilégio de marcar presença na Web Summit 2019. Foi uma oportunidade única para olhar o futuro e abrir horizontes.
Marta Mota | Diretora do Ensino Secundário
Daqui a dez, quinze, vinte anos, quando nos perguntarem o que nos fez tornarmo-nos engenheiros, informáticos, programadores, professores, economistas, políticos, talvez não consigamos determinar exatamente o momento que desencadeou a nossa decisão. Mas, talvez (escrevemos agora mais levemente, a tinta a voar sob uma caneta imaginária, quase em cursivo), talvez alguns de nós dirão que começou aqui. Na Web Summit de 2019.
Se calhar foi quando ouvimos, honrados – o nosso corpo inclinado para o palco como um mergulhador se inclina perante a água, antes de saltar – o discurso do presidente da Microsoft, Brad Smith, e os nossos dedos pararam de teclar para romper em aplausos. Se calhar fomos envolvidos pela entrevista de Tony Blair e Ro Khanna e foi aí mesmo que acreditámos que o mundo da tecnologia tinha um lugar para nós. Se calhar pasmámo-nos, olhos a cintilar tal como um desenho animado, quando Mike McGee, da Framestore, provou que a tecnologia pode despertar alegria nos corações, criando as animações mais incríveis – quando vimos uma amálgama das nossas personagens preferidas a passar nos ecrãs, a infância desdobrada em imagens e sons.
Ou se calhar nada disto nos influenciou. Alguns dirão que já queriam construir um carro voador muito antes desta exclusiva visita. Outros dirão que ainda faltariam meses, anos, até se aperceberem que queriam dedicar-se à robótica. Mas decerto que ficou na memória esta oportunidade tão rara de conhecer figuras de sucesso em tantas áreas distintas, até um robô humanoide! Isto – esta emoção, os sussurros na plateia, as filas corridas de bancos amarelos – nada disto se desvanecerá com o tempo.
Não podemos esperar que a história de todos comece aqui. Como podia ser, se somos todos tão diferentes? Mas se, num dia longínquo, quando conseguirmos olhar para trás para o rastro de palavras e cores da memória, todos nós contarmos aquilo que nos levou a ser quem somos – que rumo entre as impossíveis correntes, que vento entre as fogosas estrelas, que viagem mais louca, entre todas as viagens que podíamos ter levado na vida, nos conduziu aqui – todos poderemos lembrar um momento singular dessa viagem: um dia encoberto, desfocado, quando tínhamos dezasseis ou dezassete anos, e então veremos outra vez uma parede de luzes no Altice Arena, e ouviremos as enormes vozes (que se prolongarão durante décadas dentro de nós) que tanto nos ensinaram.
Madalena Preto | 12T1