OSJ – Inicio da construção do edifício centenário

> Seara > OSJ – Inicio da construção do edifício centenário

Frederico Pimenta Linhas convergentes ______________________________________________________ Por Frederico Pimenta “Tornada juridicamente regular a actividade da Sociedade Salesiana, em Portugal, logo tiveram início as obras de construção do grandioso edifício destinado às Oficinas de São José.” Releitura dos documentos originais da história dos Salesianos em Portugal. Trabalho ímpar de tantos investigadores, com especial destaque para o Pe. Amador Anjos, historiador, conhecedor profundo e inspirador de dissertações e teses sobre a vida e obra dos Salesianos em Portugal. OSJ – Inicio da construção do edifício centenário A chegada dos Salesianos a Portugal aconteceu no ano de 1894 (1) na cidade de Braga. Dois anos depois, Lisboa acolhe-os debaixo de um período complicado da História de Portugal. Vencidas as dificuldades inerentes a um ambiente social por vezes adverso, o desígnio de D. Bosco avança: “Tornada juridicamente regular a actividade da Sociedade Salesiana, em Portugal, logo tiveram início as obras de construção do grandioso edifício destinado às Oficinas de São José.” (2) “A primeira idéa foi levantar um grandioso estabelecimento, que podesse satisfazer as exigências da magnífica cidade de Lisboa e acolher debaixo de seu tecto maior numero de meninos pobres e desemparados. Existe o terreno, está-se construindo uma mínima parte do vasto edificio …” (3) Entrementes, um número significativo de benfeitores (4) apoiou o projeto e deu-se início à materialização de raiz da presença Salesiana na cidade de Lisboa num local diferente das primitivas oficinas que receberam os primeiros alunos: “O terreno que temos nos Prazeres (não no cemitério) tem a forma de um grande triangulo, mas muito irregular. Foi doação do benemérito Sr. Marquez de Liveri, para quem a nossa gratidão será eterna.” (5) A construção do edifício no atual local onde hoje se encontram as Oficinas de S. José obedeceu a um desejo e a uma necessidade de dinamizar fortemente a presença dos Salesianos na cidade de Lisboa e em Portugal. As construções tiveram uma ampla torrente de curiosidade por parte da população de Lisboa. A escritura dos terrenos, no Alto dos Prazeres, data de 31 de maio de 1899 e foi assinada em Lisboa. As terras pertenciam a Manoel de Souza Campos e sua mulher Maria do Rozario Ferreira e Campos, moradores na Calçada da Ajuda. Foi Procurador o Pe. Pedro Cagliolo em representação dos padres Ernesto Oberti e Porta, Filippe Maria Rinaldi e Brezzi, António Aime e Ghibaudi e, por último, Mathias Cardell e Thomaz. Da escritura lê-se que se tratava de: “… uma porção de terreno, com a medição superficial de 18,475m (desoito mil quatrocentos setenta e cinco metros quadrados), pouco mais ou menos, limitado ao norte pela rua Saraiva de Carvalho, ao sul pela Travessa do Forno, ao nascente pelo prédio de Jose Maria Correa e ao poente pela parada do segundo cemitério desta cidade…”. No que diz respeito ao custo do terreno, refere-se “…que lhe fazem esta venda pelo preço de cinco contos de reis (5:000 000) …”. Os vendedores ficaram com a obrigação de tapar algumas escavações que existiam no terreno. Recordando a ideia inscrita em parágrafo anterior, o projeto tomou corpo tendo como alicerce económico as diferentes contribuições provenientes de famílias e particulares daquele tempo que foram chegando aos responsáveis pelos Salesianos na altura. O projeto inicial definia-se por uma estonteante grandeza à qual a escassez de fundos não permitiu olhar como um todo desde início. Nele demonstra-se com clareza a ideia inicial para a edificação do projeto arquitetónico, assim como a simplicidade e eficácia das soluções encontradas e as regras de higiene, inovadoras à época. A descrição que acompanha a planta da construção traça o local da edificação e a enumeração dos diferentes edifícios, bem como a sua finalidade, ligações e o local da edificação da igreja dedicada a Maria Auxiliadora, externato e oratório festivo. Os pátios, núcleo central da pedagogia salesiana, apresentavam-se perfeitamente identificados nas plantas, assim como as suas características. Em 1903, de acordo com o parecer emanado pelo arquiteto Mario Ceradini, os responsáveis dos Salesianos apresentaram a todos os que contribuíram e continuavam a contribuir para a edificação do projeto arquitetónico uma síntese do trabalho desenvolvido: “… o Sr. Architecto Mario Ceradini deixou-nos uma relação minuciosa relativamente á obra que elle com tanta proficiência dirige.” (6) O modo de construção “…destes edifícios embora parca de decorações, terá harmonia entre as suas diferentes partes. “(7) O construtor da obra foi o “Sr. Joaquim António Vieira” (8) e como “…assistente fiscal o Sr. Architecto Alfredo d’Ascenção Machado.” (9) Em abril de 1904, na descrição do edificado, afirmava-se que: “A parte que dá para a rua Saraiva de Carvalho tem um longo pórtico de 40 metros de comprimento por 7 de largura. (…). No momento em que escrevemos, os pedreiros trabalham no segundo andar do lado da Travessa do Forno, e no primeiro, na parte oposta.” (10) __________________________________________________________________________ (1) Anjos, Amador, Centenário da Obra Salesiana em Portugal – 1894-1994, Lisboa, p. 27, 1995. (2) Oliveira Martins, Francisco de Assis, A Obra Salesiana em Portugal, tip. Oficinas de S. José, Lisboa, p. 9, 1944. (3) Boletim Salesiano, Revista das Obras de Dom Bosco, Anno I. Fevereiro – 1902. N. I. Respeitou-se, na transcrição, a ortografia da época. (4) Anjos, Amador, Oficinas de S. José – Os Salesianos em Lisboa, Lisboa, 1999. (5) Boletim Salesiano, Revista das Obras de Dom Bosco, Anno III, Abril de 1904, n.4. Respeitou-se, na transcrição, a ortografia da época. (6) Em relação a esta descrição, elaborada pelo arquiteto Ceradini, o Boletim Salesiano de maio de 1903 apresenta “Uma desculpa e uma explicação”: “Para acompanhar a bella relação do Architecto Mario Ceradini sobre os novos edifícios das oficinas de S. José de Lisboa, relação que se lê na pagina seguinte, havíamos encomendado um cliché, o qual, por causas imprevistas, não poude estar pronto para este número. A Administração.” Após esta indicação, a primeira imagem publicada da construção das Oficinas de S. José, Lisboa, será no Boletim Salesiano de abril de 1904 onde se vislumbra o edifício visto da rua Saraiva de Carvalho, com andaimes à altura do primeiro piso e a colunata. (7) Boletim Salesiano, Revista das Obras de Dom Bosco, Anno III. Maio-1903. N. 5. Respeitou-se, na transcrição, a ortografia da época. (8) Ibidem. (9) Ibidem. (10) Boletim Salesiano, Revista das Obras de Dom Bosco, Anno III. Abril de 1904. N. 4. Respeitou-se, na transcrição, a ortografia da época.