Angola situa-se na África subsariana e compreende um território de 1.246.700 km², sendo constituída por 18 províncias. Um país rico em recursos naturais tais como petróleo, diamantes e reservas minerais. Detentora de uma grande beleza, Angola é um país de paisagens deslumbrantes e de um povo sofrido bastante acolhedor.
Eu nasci em Portugal mas vivi cerca de 16 anos em Luanda, capital de Angola. Durante esse tempo, deparei-me com realidades bastante distintas. Felizmente, nunca senti na pele o verdadeiro sofrimento da classe mais desfavorecida do meu país. No entanto, tenho a perfeita noção das dificuldades que as pessoas têm de ultrapassar diariamente, tal como a falta de saneamento básico. Para quem já esteve em Luanda sabe perfeitamente a normalidade que é chegar a casa e não ter água para tomar banho, cozinhar ou até lavar a loiça. E o mesmo acontece com a luz. Eram raras as vezes que eu tinha a luz da rede durante uma semana inteira, daí a necessidade das pessoas terem de investir num gerador.
Por isso, bens essenciais e indispensáveis tornam-se em bens comerciáveis, cujo preço muito elevado acaba por não estar ao alcance monetário da maioria da população que sobrevive com menos de 1 dólar por dia.
Após dias de chuva a água acumula-se nas bermas da estrada e mistura-se com o lixo, que por ser mal recolhido, acaba por criar grandes lixeiras nos pontos mais desfavorecidos da cidade.
Infelizmente, o povo angolano é, na sua maioria, ignorante. Portanto, muitas das coisas que fazem parte do nosso dia a dia, que simplificam e beneficiam as nossas vidas, não são conhecidas por grande parte da população. Os poucos investimentos, feitos pelo estado angolano, na educação estão no cerne desse problema. Não obstante as dificuldades, o povo angolano tem um enorme potencial inexplorado.
No meu dia-a-dia em Luanda, era normal comprar inúmeros produtos das vendedoras de rua, mais conhecidas por zungueiras. Essas mulheres batalhadoras, que lutam pelo sustento das suas famílias, merecem um enorme respeito. Muitas delas têm que andar com os seus filhos pequenos amarrados nas costas, sob um sol de trinta graus Celcius, enquanto carregam a sua mercadoria em pesadas bacias no cimo da cabeça. Muitas vezes as crianças tem que abandonar os estudos para contribuir nas contas de casa, acabando por não ter a mesma oportunidade que muitos de nós. Uma simples viagem de carro pela capital, revela uma cidade decadente e sobrelotada, onde podemos ver luxo e a pobreza, lado a lado.
Nayara Wendy Pacheco | 12 T3