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seara-20-dadivaA dádiva da Pátria, a dádiva de Camões, de Pessoa, de Saramago, de todos os homens que a falam, escrevem e declamam, com toda a sua beleza e graciosidade. Esta dádiva é a Língua Portuguesa. Língua mágica, dialeto divinal, que já encantou deuses, venceu titãs, navegou oceanos, penetrou por continentes, despertou a curiosidade de índios e indianos, alegrou a vida de milhões, por poderem dizer amor, saudade, Portugal, felicidade. Dádiva que se espalha pelo mundo, com variantes africanas, sul-americanas, indígenas, crioulas, asiáticas. Dádiva que liga meio mundo, de todas as partes do mundo. Dádiva de Deus, único e poderoso, que disse numa noite a D. Dinis que seria nossa a dádiva. Que a aperfeiçoaríamos e mais tarde a espalharíamos pelo mundo. E assim o fizemos, declarada língua oficial do reino, D. Dinis trovou e começou algo que, na verdade, começara milhares de anos antes, e que prevalece, milhares de anos depois. Obrigado, Portugal, obrigado, Povo Português, e obrigado, Língua Portuguesa, por termos criado juntos esta dádiva, que nos alegra a vida, nos encanta, com poemas de Fernando Pessoa, que nos desperta sentimentos, com novelas de Camilo Castelo Branco, que nos engrandece, com epopeias de Camões, que nos diverte, com crónicas de Ricardo Araújo Pereira. Obrigado, Língua Portuguesa, por nos espalhares pelo mundo e criares um património infindável e incontornável, por todo o mundo. Por isso, celebramos hoje, no quinto dia do quinto mês do ano, em todos os anos que estão por vir, o teu dia, o dia do maior património cultural que a humanidade já viu e verá. Celebramos hoje a dádiva que foi nossa, e que agora é de muitos, pois assim o deve ser.

Henrique Paulo |11H1