Prof. André de Morais, João Cavaco Silva e José Maria Marques Cumprindo a terceira edição do projeto A História em Ação, os alunos do 9.º ano foram, novamente, convidados a (re)visitar a sua memória coletiva familiar, percorrendo o complexo périplo do devir histórico, repleto de interstícios que o tempo concebe e que a memória, com vã resiliência, persiste em colmatar. O resultado é a descoberta dos alunos de factos curiosos sobre os seus antepassados e a certeza de que todos somos chamados a contribuir, no nosso tempo histórico, para o desenvolvimento das comunidades humanas, colocando os nossos dons, tão distintos uns dos outros, ao serviço do Bem e em benefício da construção de sociedades que, esperamos, sejam sempre mais justas e pacíficas que as anteriores. Professor André de Morais Durante este período tive oportunidade de realizar um trabalho muito cativante, a pedido do Professor de História, relacionado com os meus antepassados. O desafio foi o seguinte: escolher um familiar que tivesse vivido durante uma época estudada na disciplina de História, durante o 9.º ano, e investigar sobre os seus feitos e contributos para o nosso País. Assim, escolhi o meu trisavô, Manuel Ferrão de Castelo-Branco, conde da Ponte, pois achei surpreendente o seu percurso de vida e jamais pensei que fosse possível relacionar a minha família com a matéria que estudo numa disciplina da escola. Nas aulas de História aprendemos vários factos sobre os últimos momentos da monarquia em Portugal e sobre a partida para o exílio dos últimos membros da família real, em outubro de 1910. Ora, foi o meu trisavô quem comandou o iate Amélia IV que transportou em segurança o último rei de Portugal, D. Manuel II, para o seu exílio! Aprendi muitas informações novas com este trabalho, pois, apesar de ouvir esta história contada pelo meu Avô desde pequeno, foi necessário aprofundar e apresentar ao Professor documentos históricos que confirmassem a verdade dos factos, pois é assim que se realiza corretamente uma investigação histórica. Agradeço ao Professor ter feito este desafio aos alunos! José Maria Marques | 9.º B Um novo desafio foi lançado, neste período, pelo meu Professor de História: realizar uma entrevista a um familiar, com o objetivo de inserir o seu percurso de vida na História de Portugal e, simultaneamente, aprender mais sobre aspetos interessantes da minha família. Por diferentes razões, optei por entrevistar o meu Avô. Em primeiro lugar, é um elemento da minha família com um longo percurso de vida e, em segundo lugar, é uma pessoa que participou ativamente em múltiplos momentos recentes da nossa História. Quando abordei o Avô sobre o meu desejo de realizar uma entrevista, a sua primeira recomendação foi que preparasse com cuidado e antecedência as questões que gostaria de fazer. Após cumprir este seu pedido, combinámos conversar num sábado de manhã. Confesso que me senti um verdadeiro jornalista ao fazer perguntas ao Avô para realizar o vídeo, pois ele tratou-me de uma forma muito profissional. Decidi trabalhar com o Avô o tema referente à Guerra Colonial Portuguesa. O Avô partiu recém-casado para Moçambique, cumprindo o serviço militar, em outubro de 1963. Devido à sua formação em Finanças, foi colocado na capital, então Lourenço Marques, hoje Maputo, no serviço de contabilidade do Exército Português. Assim, felizmente nunca esteve em zonas de guerra ativa, localizadas na região mais a Norte do território. Durante todo este processo, a Avó acompanhou sempre o meu Avô e foi em Moçambique que viveram os seus primeiros anos de casal, guardando recordações muito bonitas, e fizeram várias amizades, algumas das quais ainda hoje existem. O meu Avô sentiu por África, particularmente por Moçambique, um grande respeito pela sua beleza e organização. Para mim, foi uma surpresa imaginar este e outros territórios africanos enquanto territórios organizados e desenvolvidos, pois não corresponde às informações que, geralmente, são transmitidas hoje em dia sobre os países desta zona de África. Outra informação que considero que se tornou numa aprendizagem com este trabalho é o facto de coexistirem realidades distintas em todos os momentos da História, pois, durante um momento de guerra e de dificuldades, os meus avós viveram uma experiência enriquecedora e da qual guardam ótimas recordações, apesar de terem sido obrigados a ir viver para um local que não conheciam, sem nunca esquecerem o sofrimento de todos aqueles que foram afetados pelo conflito. João Vicente Cavaco Silva | 9.º D