“É perigoso fazer ver demais ao homem que ele é igual aos animais sem lhe mostrar a sua grandeza. É também perigoso fazer ver demais a sua grandeza sem lhe mostrar a sua miséria. E é ainda mais perigoso deixá-lo ignorar uma e outra. Mas é muito vantajoso mostrar-lhe as duas.”
Blaise Pascal
Se “Educar quer dizer levar outras pessoas a que cheguem a ser o que devem ser” (Stein, 2002: 195), então, que cada adulto educador que também foi (e é) educado, seja naturalmente aquilo que deve ser. Ele próprio, sem máscaras, dando aos outros daquilo que Deus lhe deu e daquilo que a sua vontade, o seu esforço e a sua honestidade foram conquistando. Quem vive nas escolas constata diariamente que os alunos gostam particularmente desse sabor a verdade. Os professores que fazem aquilo que dizem e dizem aquilo que fazem, exercem serena e naturalmente a autoridade que se espera de um educador. Com as exceções, que sempre haverá, mal conhecem problemas de indisciplina. Sem que tenha nenhuma prova cientifica – esperando perdão por reconhecer esta limitação – arriscarei a dizer que são ainda estes que, na maioria das escolas, conseguem que os seus alunos obtenham melhores resultados escolares. Os alunos são particularmente sensíveis àquilo que os educadores são. Os alunos têm dificuldade em dececionar os educadores íntegros e honestos e, sobretudo, aqueles que os amam. E eles sabem quem são. Não por aquilo que dizem, mas por aquilo que são.
A atenção à pessoa, aos seus interesses ou desinteresses, à sua boa ou má disposição à sua presença ou à sua ausência, ao seu sucesso ou ao seu insucesso torna o olhar e o coração mais doces. Por vezes, o empenho inesperado de um aluno, deve-se ao facto de não aceitar dececionar a pessoa e o professor que lhe quer bem. Neste contexto costumamos falar de motivação. Pois bem, chamemos-lhe assim.
“Para os professores que se interessam verdadeiramente, o aluno enquanto pessoa é tão importante quanto o aluno aprendente, e esse respeito pela pessoa poderá ter como resultado uma maior motivação para aprender” (Day, 2004: 37).
A pessoa a quem na escola chamamos aluno, é muito sensível à palavra amiga que lhe chega ao ouvido, ou a casa: Parabéns pelo teu aniversário; desejo as melhoras da mãe; fiquei sensibilizado com a tua intervenção; não te esqueças que este fim de semana deves descansar, praticar surf, tu mereces porque deste o teu melhor; hoje não compreendi a tua atitude, provavelmente trazias de casa um problema mais pesado que os meus olhos não conseguiram ver; desculpa por não te ter dado a atenção que tu merecias, gostaria de conversar contigo amanhã; obrigado por me fazeres sentir que vale a pena ser professor…
José Morais | Diretor Pedagógico