| A sociedade líquida em que vivemos |

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Terra Lavrada
Diz o sociólogo Zygmunt Bauman: “Um viciado no facebook gabou-se para mim de que havia feito 500 amigos num só dia. A minha resposta foi que tenho 86 anos, mas não tenho 500 amigos. A questão é que quando eu e ele dizemos amigo, não queremos dizer a mesma coisa. Quando eu era jovem não tinha o conceito de redes, eu tinha o conceito de laços humanos, de comunidades.”

Não desvalorizando nada do tanto que as tecnologias nos oferecem, convoquemos para esta curtíssima reflexão a palavra amizade, a palavra comunidade, a palavra família, cada uma delas na sua versão menos digital. Convoquemos ainda o olhar, as emoções e o calor humano. Convoquemos aquela amizade que não se conecta e desconecta com um clique. Porque todos nós, se não estivermos acordados, corremos o risco de andar completamente afogados em informação mas, provavelmente, “famintos de sabedoria”.

“Vivemos governados por um excesso de estímulos, amplificados por uma sociedade que encontra na permanente exposição a melhor forma de se esconder, isto é, de não se pensar. […] Precisa-se, neste “tempo detergente”, de um pacto de silêncio, de uma pausa que permita ver para além da poeira dos dias que correm. Pensar exige tranquilidade, persistência, seriedade, exigência, método, ciência.” (A. Nóvoa)

Um ditado chinês: Se desejas planear para um ano, semeia milho; se pretendes planear para 10 anos, planta uma árvore; mas se queres planear para 100 anos, educa as pessoas. Perante este universo imenso de possibilidades que a vida atual nos oferece, a educação tem um papel fundamental, no sentido de dar a cada um as ferramentas para que saiba tomar conta de si próprio. Que encontre e que se encontre, que ame e que seja amado. Que consiga ser ele, porque é único. “Educar quer dizer levar outras pessoas a que cheguem a ser o que devem ser” (Stein, 2002: 195).

José Morais
Diretor Pedagógico