> Seara > A Sombra…

De Volta à Poesia

seara-15-sombraA sombra…
A poesia já foi bem mais fácil.
No 4.ºano, rimava João com pão e chamavam-me de génio, visionário e prodígio.
Acho que até me chegaram a comparar a Pessoa. Não é que seja menino de me gabar, mas quer dizer… Era tudo tão mais fácil. Mesmo que o pobre poema não valesse nada, fazia-se um desenho no final e era suficiente para merecer um feriado dedicado à minha jovem e não tão brilhante mente.
Hoje está mais difícil, sou uma sombra daquele outrora genial poeta que se atreveu a brincar e a desafiar os limites das nossas mentes e da nossa língua. Parece que cresci e ganhei uma visão racional e não tão mágica do mundo. Essa visão “secante” e realista do mundo obriga-me a escrever um poema com uma mensagem, um poema que toque o leitor e, para isso, uma simples rima manhosa não chega.
Para isso, é preciso essa tal magia que sinto que se perdeu. (Se calhar gastei-a toda.)
E isso leva-me ao meu ponto.
Crescer não presta para nada. É uma das maiores armadilhas da história da humanidade. Tenho 17 anos e sinto-me um veterano, um homem sábio que já passou por um bocado de tudo e ainda tem uns 70 anos pela frente.
Está tudo a ficar mais difícil, já nem a poesia, a simples poesia, é fácil.
Mais responsabilidades, mais stress, mais objetivos, mais sério, mais real, mais racional, menos mágico. Tudo a crescer e a evoluir enquanto eu estou aqui parado a tentar chegar à Seara. Triste vida a minha!

António Costa | 11.ºH1