Jeanne le Roux O Grande Gatsby é um romance da autoria do escritor americano F. Scott Fitzgerald, publicado dia 10 de abril de 1925. Toda a história é narrada por Nick Carraway, que, no verão de 1922, se muda para Nova Iorque onde mora a sua prima Daisy e o seu marido Tom. À medida que o tempo passa, o protagonista vai desenvolvendo uma profunda curiosidade relativamente ao seu vizinho, o famoso Gatsby, que organiza semanalmente extravagantes festas às quais comparecem os mais ricos. Ambos acab am por se tornar amigos e, eventualmente, Nick passa a saber que Gatsby tinha conhecido Daisy quando era mais novo, mas que o seu casamento tinha sido impossibilitado por este não ter capacidade financeira para os sustentar. Por conseguinte, passou a sua vida a acumular uma fortuna para, um dia, poder recuperar a sua amada. Por intermédio de Nick, Gatsby e Daisy reencontram-se e o amor que nutrem um pelo outro torna-se evidente. Porém, após um infeliz acidente, Gatsby é injustamente considerado culpado, o que o leva a ser assassinado. Para além disso, o mistério de como tinha conseguido a sua fortuna é revelado. De facto, esta tinha sido acumulada através do contrabando, o que levou a reações adversas por parte de todos os que o conheciam. Nick, permanecendo fiel ao seu falecido amigo, fica então encarregue de organizar o seu funeral, ao qual apenas o pai deste e alguns empregados comparecem. Em primeiro lugar, ao ler este livro, sobressai a crítica social que o mesmo acarreta eficazmente. Efetivamente, desde o início da história, estabelece-se uma separação entre Weast e East Egg, as duas zonas da ilha onde moram as personagens. Enquanto Weast Egg é habitado por “novos-ricos”, East Egg alberga os indivíduos cuja riqueza e poder se encontram fortificados através de gerações. Assim, como no passado Gatsby era um jovem militar com poucas posses e Daisy já vinha de uma classe social elevada, a sua união foi impossível. Porém, a força irreprimível do amor moveu Gatsby e permitiu-lhe acumular uma impressionante fortuna. Desta forma, é inegável que esta personagem, apesar de ter enriquecido através de atividades ilegais, teve sempre atitudes impulsionadas por um ideal puro e superior, o amor. Pelo contrário, o resto da sociedade, valoriza o dinheiro, a sua imagem e o poder acima de tudo. A título de exemplo, pode-se tomar a afirmação de Daisy de que, apesar de estar profundamente apaixonada por Gatsby, nunca iria deixar Tom pois este possuía ligações sociais e dinheiro mais antigo, ao contrário do homem que ama, que tinha progredido socialmente à custa do seu esforço. Por conseguinte, F. Scott Fitzerald salienta brilhantemente os defeitos da sociedade, representando a classe social elevada que vive das aparências, e cuja existência assenta, na verdade, em valores imorais e condenáveis como o adultério. Em segundo lugar, importa realçar que este livro acaba com a formidável comparação de que os homens são como barcos que navegam contra a corrente, sendo constantemente puxados novamente para o passado. Assim, essa afirmação reflete o percurso de Gatsby que, apesar de ter nascido numa família de baixa classe social, motivado pelo amor e graças ao seu trabalho, empenho e dedicação, conseguiu sair da miséria e tornar-se uma figura admirada e respeitada. No entanto, ele acaba por nunca ser realmente aceite pela classe mais alta. Efetivamente, a certa altura, Tom revela que investigou sobre a maneira como Gatsby conseguiu a sua riqueza e acusa-o de ser um vigarista. Posto isto, torna-se claro que todo o processo de troca de classe social é um assunto sensível para a época, sendo que o hermetismo da estrutura da elite social é fortemente posto em evidência pela maneira como os indivíduos reagem à revelação das origens de Gatsby. Consequentemente, apesar de ele acreditar firmemente que o passado pode ser reconquistado na sua totalidade, quando a sua vida começa a desmoronar-se, este destrói-o por completo. Exemplificando, todo o seu árduo esfoço para alcançar a sua posição social é descartado quando, no seu funeral, apenas Nick e poucos outros comparecem, pelo que, até após a sua morte, o passado se interpõe, fazendo dele uma fraude aos olhos das restantes pessoas. Em suma, esta fascinante obra expõe na perfeição a crítica dirigida à sociedade e aos seus valores reprováveis. Gatsby, que tem intenções puras e nobres, contrasta com o resto das personagens que, ao fazerem parte da aristocracia mais antiga, atribuem extrema importância ao dinheiro e à sua imagem, desvalorizando aspetos como o amor. Para além disso, é com uma brilhante reflexão sobre o percurso de Gatsby que F. Scott Fitzerald conclui o seu livro relacionando-o com a força atrativa do passado na vida dos homens. Com efeito, as origens de Gatsby e a maneira como alcançou a sua fortuna acabam por ser descobertas, o que destrói todo o seu esforço e o leva, inevitavelmente, de volta ao passado. Jeanne le Roux, 12.º H