Aos finalistas e seus coordenadores
O tempo suaviza o passo, enfim. As pernas tremem um pouco, uma gota de suor sulca, sem pressa, a testa, mas de resto nada perturba o sossego. Já é meia-noite! Escapa um suspiro, que depressa se transforma num sorriso, num olhar de missão cumprida, partilhado com o colega mais próximo.
As reuniões das semanas anteriores, a dificuldade em preencher os turnos, as senhas por fazer, a comida a encomendar, os artistas a convidar, todo o bulício que antecedeu a abertura das portas naquela sexta-feira, 23… já lá vai! A fila na entrada, a fila na Casa Mistério, a fila nos Comes e Bebes! Os trocos! A fita cola preta! O teclado! As pipocas! As cadeiras! As mesas! O karaoke! O jantar! Tudo clamores passados! Respirar é a palavra de ordem, agora!
Ah… Que trabalheira, assentar arraiais…
O Arraial de Outono foi um sucesso – é o que todos dizem. Veio mais gente do que esperávamos. Vendemos a maioria dos nossos produtos. Os miúdos corriam para nós, sorridentes, para dizer que tinham adorado a Casa Mistério, o karaoke, a discoteca. O esforço sai recompensado.
Olhando para trás, para estas oito horas sem parar, percebemos como a persistência e o trabalho de equipa geram aprendizagens essenciais para a nossa edificação pessoal. Relembramos os desafios, e as lições que arrecadámos ao ultrapassá-los. Brincamos, pensando nas calorias que perdemos sem ter posto pé no ginásio, e rimos das nossas cabeleiras em desalinho, da camisa desfraldada, da cara maquilhada (agora já borrada) de quem sai da Casa Mistério.
Experimentámos o gosto do trabalho, da dedicação a um projeto e da ânsia de o fazer suceder. É o que nos espera. Trabalho, dedicação, ânsia. É tão pouco o tempo que deles nos separa. Em breve, o estofo que daqui levamos vai ser posto à prova pelos embates do mundo. Já não haverá professores a coordenar as nossas ações, funcionários para nos ajudar a montar e desmontar tudo o que for preciso, pessoas a sorrir por todo o lado e gente sempre preparada para nos dar uma mãozinha, um conselho, um cafézinho quentinho…
Estamos preparados! Que venha o futuro!
Diz-se que tudo o que há de bom tem um fim. O trabalho é a exceção. Existirá sempre e nunca será prejudicial. Graças aos arraiais, às festas, às reuniões, aos trocos, à fita cola preta, sabemos isso. E sorrimos. Já é meia-noite! Temos tempo de nos restabelecer antes da próxima empresa. Tempo para a fazer maior e melhor!
Entretanto, só falta agradecer a quem é devido: a todos os finalistas, que se empenham e se constroem constantemente; a todos os professores, que plantam neles a semente fecunda do trabalho e do êxito; a todos os funcionários, eternamente pacientes e disponíveis; a todos os que povoam os nossos arraiais, as nossas festas, as nossas vidas; e a Deus, que tudo nos deu.
João Martins | 12.º H1