> Seara > Cordial

Não pares, coração! Temos ainda muito que lutar. Que seria dos montes e dos rios Da nossa infância Sem o amor palpitante que lhes demos A vida inteira? Que seria dos homens desesperados, Desamparados Do conforto das tuas pulsações E da cadência surda dos meus versos? Não pares! Continua a bater teimosamente, Enquanto eu, Também cansado Mas inconformado, Engano a morte a namorar os dias Neste deslumbramento, Confiado Em não sei que poético advento Dum futuro inspirado. Miguel Torga