Dar vida à literatura

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Carolina Margarida A ida das turmas do 9.º ano à representação teatral do Auto da Barca do Inferno constituiu uma experiência bastante enriquecedora e impactante. Primeiramente, de recordar que a peça vicentina retrata a jornada pós-morte de diversas personagens, que são julgadas pelas suas ações, comportamentos e atitudes em vida. Deste modo, oferece uma visão crítica e satírica da sociedade da época, abordando temas atemporais como justiça, vícios, virtudes, com um caráter moralizante e didático, tentando incentivar à mudança através do riso. Depois, importa salientar que esta visita de estudo permitiu aos alunos assimilar conhecimentos, fora do contexto habitual de sala de aula, bem como apreciar uma forma de arte tão menosprezada por alguns jovens hodiernamente. A representação desta obra acaba por transcender a leitura do livro didático, resultando numa maior conexão dos educandos com a essência transmitida pela mesma. Adicionalmente, a expressão cénica, a linguagem corporal, os adereços, os efeitos sonoros e luminotécnicos contribuem para uma nova ou mais profunda interpretação da peça estudada em aula, dando mais atenção aos detalhes e concedendo aos alunos a oportunidade de idealizar como a mesma podia ter sido representada na época de Gil Vicente. Para além disto, presenciar a encenação ao vivo estimula a dimensão interpessoal e crítica dos estudantes, ao permitir que os mesmos se conectem emocionalmente com as questões filosóficas apresentadas e façam um paralelismo com a suas próprias vidas, refletindo sobre as suas escolhas. Em suma, sublinha-se que alunos imersos em arte, como o teatro, ampliam a sua visão do mundo, abraçando a criatividade e estimulando a sua compreensão e inteligência emocional. Por isso, esta ida ao teatro fomentou não só o desenvolvimento integral dos estudantes, como também o seu apreço pelas artes cénicas. Carolina Margarida, 9.º F