O maior desafio que se coloca ao professor de Geografia, é o de fazer com que os seus alunos aprendam:
- a observar para além daquilo que os seus olhos veem;
- a ler para além do mapa que todos os dias serve de base ao telejornal;
- a questionar para além do conhecimento que lhes é fornecido ou a que têm acesso;
- a pensar para além daquilo que os outros querem que eles pensem;
- a agir para além do que as outras gerações foram capazes de concretizar…
… E o façam em equipa, de uma forma única mas simultaneamente solidária, consciente, crítica e criativa.
De forma a educar geograficamente os alunos, capazes de mobilizar o conhecimento geográfico na resolução de problemas do quotidiano, e formar os alunos para o desempenho crítico e responsável da cidadania, preconiza-se que o ponto de partida da aula seja uma problemática real, onde exista uma preocupação em conceder utilidade social à Geografia que se ensina e faz aprender, com o intuito de promover as competências necessárias para o exercício de uma cidadania ativa – uma Geografia “capaz de mobilizar as representações e os saberes prévios dos alunos, de maneira a permitir a reflexão sobre os problemas que se colocam no mundo atual, pela forma como as sociedades e respetivos grupos estão a usar o seu espaço” (Cachinho e Reis, 1991).
As ideias anteriormente expressas constituíram o mote para a implementação de uma nova experiência de aprendizagem na aula de Geografia A, do 11.º ano de escolaridade, aquando da exploração do tema da atividade florestal em Portugal.
Organizado pela professora Vânia Morais, realizou-se nesta segunda-feira, dia 23 de outubro, um debate silencioso na turma do 11.ºH1, sendo a pergunta de reflexão base “Pedrógão – risco ou catástrofe?”. Apesar de ser um tema ainda sensível devido à sua proximidade temporal, é essencial que seja discutido na disciplina de Geografia, já que o objetivo da mesma deve ser discutir assuntos reais, atuais, dramáticos, sistémicos e úteis, como sublinhou a professora na apresentação da atividade.
Assim, depois de vermos uma reportagem e divididos em três grupos, discutimos esse tema de uma forma onde só havia uma regra: não se podia falar! Pelo contrário, cada grupo tinha uma cartolina branca onde cada membro escrevia as suas ideias e, conforme estas se iam desenvolvendo, iam surgindo nas cartolinas perguntas, respostas e comentários às ideias de cada um. E, desta maneira, foi-se debatendo e chegando a conclusões bem fundamentadas, tudo em silêncio.
No fim, o porta-voz de cada grupo apresentou à turma os principais pontos discutidos. No geral, todos considerámos o caso de Pedrógão Grande uma catástrofe, principalmente devido aos mortos que causou. Através desta atividade, chegámos à conclusão de que tínhamos conseguido preencher um quadro síntese sobre o novo tema que irá ser estudado nas aulas (as florestas e os incêndios que as afetam) o que, por um lado, prova que nós temos mais conhecimentos do que aqueles que nos apercebemos e, por isso, não devemos olhar para as novas matérias com desconfiança; por outro lado, é a prova de que a Geografia estuda casos muito concretos do dia a dia, demonstrando a sua importância para a cultura geral de cada um.
Por fim, o facto de o debate ter decorrido em silêncio fez com que naturalmente se encarasse o assunto com o respeito que merece e exige, em particular devido aos sofrimentos e desgraças que recentemente criaram no nosso país.
Catarina d’Orey | 11.º H1
Vânia Morais | Professora de Geografia