| Depois do desejo…|

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Queridos educadores

Hoje, neste pequeno espaço de palavras e de vida, insisto para que leiam os testemunhos de quem aqui mora. Um alerta especial para a riqueza e pertinência do conteúdo da entrevista a Miguel Ángel Santos Guerra sobre as escolas que aprendem, cujo link se encontra nesta Seara. Mais trigo do que joio. Ou joio a desejar ser trigo.

Por diversas vezes, formal ou informalmente, temos convocado para o nosso espaço educativo esta interpelação, este desafio, este desejo de sermos uma escola que aprende. Uma escola desinstalada, que reflete sobre as suas práticas, que se interroga, que investiga e que procura horizontes de novas possibilidades.

Enquanto profissionais, embora por vezes nos doa, sabemos que nada acontece por acaso. Se um aluno não aprende como nós ensinamos, teremos de procurar ensinar como ele aprende. Simples de dizer. Tão difícil de fazer! Não, não é por acaso que um aluno desiste; não é por acaso que não consegue aprender, não é por acaso que se esconde no seu mundo de angústia sufocada ou irreverência desmedida, não é por acaso que não consegue estar quieto, como não é por acaso que nós não conseguimos que ele aprenda. Seria tão bom que o verbo aprender suportasse o imperativo…

Depois do sonho, diz António Machado, o importante é acordar. Pois bem, é justamente neste ponto que nos encontramos. Acordados. Importa, por isso, que nos centremos no essencial e que, de olhos lavados, vejamos um pouco mais além, sejamos criativos e compassivos nesta tarefa de fazer aprender. Cada um destes filhos tem um potencial que ele e nós teremos de aproveitar. Importa o 18 ou o 19? Claro que sim. Sabemos, no entanto, que o 18 é insucesso quando o potencial é 20. Sabemos que o 10 é uma vitória gigante, quando o potencial é 10.

Sei que mora em nós o desejo. No entanto, queridos educadores, se depois do sonho importa acordar, depois do desejo…

José Morais | Diretor Pedagógico