Do que nos falam os livros…

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Miguel Ferreira “1984 é uma das mais aclamadas obras de George Orwell, um famoso escritor, jornalista e político britânico que viveu durante o século XX. […] é retratado um mundo distópico, no qual o protagonista, Winston Smith, não se integra, uma vez que, secretamente, se opõe às ideias defendidas pelo Grande Irmão, o líder que detém poder supremo, perante o qual todos se deveriam submeter.” 1984 é uma das mais aclamadas obras de George Orwell, um famoso escritor, jornalista e político britânico que viveu durante o século XX. Assim, através de uma crítica satírica aos regimes totalitários que surgiram com e posteriormente à Segunda Guerra Mundial, trata-se do relato de uma história cuja realidade, à data da publicação da obra, em 1949, parecia bastante distante: o ano de 1984. Assim, é retratado um mundo distópico, no qual o protagonista, Winston Smith, não se integra, uma vez que, secretamente, se opõe às ideias defendidas pelo Grande Irmão, o líder que detém poder supremo, perante o qual todos se deveriam submeter. Sempre respeitador e receoso face à ação do Estado opressivo, a personagem principal aparenta ter uma vida insignificante e monótona, que era, assim, controlada pelos seus líderes. Contudo, o seu espírito curioso e observador, juntamente com o aumento do seu desagrado pelo Partido, através do qual o Grande Irmão executava o seu poder, levam a que a sua existência miserável se torne no começo do despertar de uma rebelião secreta contra o sistema. Desta forma, ao ver-se preso numa sociedade onde os seus mais ínfimos pensamentos podem ser o motivo da sua execução, a personagem principal concilia o cumprimento das regras e a conduta de uma vida reprimida aos olhos dos poderosos com a vivência proibida e oculta de uma paixão ardente que levará à formação de uma aliança rebelde contra a autoridade tirana. Por um lado, a criação e a descrição de um futuro apocalíptico, como forma de crítica aos regimes extremistas e com base nos medos e nas realidades que surgiram num pós-guerra, foi algo primorosamente conseguido. Efetivamente, através da ridicularização dos regimes totalitários e opressivos que na época se afirmavam, raros são os momentos em que, ao longo da sua obra, Orwell deixa de fascinar aqueles que a leem. Não só pelas revolucionárias e arrojadas tecnologias retratadas, que, apesar de agora parecerem menos progressistas, continuam a ser inéditas, mas especialmente pela sua audácia e tenacidade ao condenar os seus coevos, o autor dá asas à história de tal forma que o leitor se vê incapaz de pousar o livro. De facto, através, por exemplo, da forma como havia a necessidade constante de alterar antigos artigos de jornais para que o Grande Irmão fosse sempre visto sob uma luz favorável estabelece-se um impecável e meticuloso paralelismo entre o mesmo e a administração ditatorial e violenta da União Soviética que, na altura, era dominada pelo estalinismo, o que desperta no leitor um incessante interesse pelo desenrolar da ação. Por outro lado, a recorrência a densos parágrafos para a transmissão dos pensamentos de Winston através de intermináveis divagações filosóficas, apesar de importante para a compreensão da mente do protagonista, acaba por conduzir ao desinteresse do leitor, não só devido à sua extensão, mas também devido à regularidade com que surgem. Embora qualquer um se encontre profundamente mergulhado na realidade descrita que, cada vez mais, parece próxima da atualidade, basta o aparecimento de maçadores blocos de texto referentes às reflexões da personagem principal para que o avanço da ação seja impedido e o entusiasmo de quem lê se esmoreça. Exemplificando, no momento em que, pela primeira vez, se descreve o ritual diário de todos os funcionários que trabalham nos Ministérios, ao qual se chama Os Dois Minutos de Ódio, a vertente dinâmica deste inovador acontecimento acaba por ser extinta pelos perfunctórios pensamentos de Winston. Em conclusão, com um desfecho inesperado e emocionante, o livro 1984 tem a capacidade de criar uma ligação entre algo que chegou, de forma muito semelhante, a ser a realidade de várias pessoas e um mundo fictício através das intensas críticas e da mensagem moralizadora em relação aos líderes totalitaristas. Porém, o constante uso de monólogos pensativos e introspetivos tornam a leitura da obra cansativa e menos fácil, levando a um maior desapego pelo leitor. Miguel Ferreira, 12ºH1