Gostaria muito que esta manhã, este momento, fosse recordado como algo que foi vivido intensamente. Algo que nos agradou por fora, porque momento de celebração, de alegria, de recompensa, mas, sobretudo, algo que nos tocou por dentro.
Os sentimentos costumam ocupar a face oculta da organização escolar. A maior parte do tempo que se vive na escola é preenchido mais com questões relacionadas com a transmissão de conhecimentos, e menos com o cultivo das emoções. O importante é fazer com que o aluno aprenda. Claro que isso é fundamental mas, como todos bem sabemos, mais importante ainda é que o aluno com a pessoa que nele mora, se sinta compreendido, estimado, amado, exatamente como ele é.
Não deixa de ser intrigante este silêncio, esta sentença condenatória, este silenciar da vida emocional. Tanto a dos professores como a dos alunos. Parece que os primeiros são máquinas de ensinar, e os segundos engenhocas de aprender e alcançar bons resultados. Algumas destas máquinas são mais potentes, estão mais bem oleadas e funcionam melhor. Outras são de pior qualidade. E é tudo, escreve Santos Guerra, dirigindo-se às escolas, em tom provocatório.
Mas não, não é tudo, queridos educadores. Os professores existem para estarem ao serviço das pessoas, dos alunos, ao serviço das aprendizagens de natureza cognitiva, afetiva, social, emocional. Como gosto de dizer, ao serviço da construção de pessoas inteiras. Importa, por isso, passarmos de uma “pedagogia da informação consumida, para uma pedagogia da produção e da transformação”. Talvez melhor, usando palavras de Nóvoa, passarmos da informação ao conhecimento. O que define a aprendizagem não é saber muito, é compreender bem aquilo que se sabe.
Queridos alunos, este é um dia em que se celebra o sucesso. Pessoas e alunos que brilham e que, graças a Deus, contribuem para que também outros possam brilhar. Lembro, no entanto, que é impossível viver sem a companhia do fracasso. A vida não é apenas uma lista de aquisições e de conquistas; ela também é feita de derrotas e angústias que nos acordam, robustecem e, por vezes, nos ensinam a humildade e a gratidão.
Aquilo que cada um de nós é, pode ter uma enorme influência na vida de cada uma das pessoas que diariamente nos rodeiam. Usem o que conquistaram em favor de outros que a escola, tal como a conhecemos, teima em silenciar. Usem aquilo que conquistaram para a construção de pessoas e de um mundo melhores.
Ancorados nalguns modelos, compreendo que lutem para serem os melhores do mundo, mas não se esqueçam que mais importante é serem os melhores para o mundo. Montaigne já dizia no séc. XVI: “É preciso ter uma cabeça bem feita e não uma cabeça bem cheia”. Muito antes dele, lembrava Séneca: “Tal como um conto assim é a vida, o que importa não é a sua extensão, mas sim a sua qualidade”.
Agradeço muito aos nossos queridos salesianos por este investimento, criando uma vez mais todas as condições para o bem e felicidade dos nossos jovens. Agradeço a todos aqueles que, de uma ou outra forma, contribuíram para a realização deste evento. Agradeço a presença de todos vós e, como tem acontecido desde a primeira vez que realizámos esta cerimónia, agradeço sobretudo a Deus por estarmos aqui.
José Morais | Diretor Pedagógico