No dia 19 de outubro, a convite da Associação CLENARDVS e do Centro de Estudos Clássicos, estivemos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na qualidade de oradoras. Muito nos honrou esta participação, pois é a segunda vez que damos rosto e voz à forma como a disciplina de Introdução à Cultura e Línguas Clássicas (ICLC) é lecionada na nossa escola (a primeira comunicação aconteceu em abril de 2017 na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra).
A nossa comunicação, intitulada “Helena e Augustus nos Salesianos de Lisboa”, tinha como principais objetivos mostrar como a disciplina de ICLC foi implementada na nossa escola no ano letivo 2015/2016, desde que surgiu enquanto oferta sugerida pelo Ministério da Educação, partilhar algumas das atividades desenvolvidas e fazer um balanço destes quatro anos.
Foi com o peso da responsabilidade, mas também com um imenso prazer que nos dirigimos aos presentes, representantes da Direção Geral de Educação, professores e diretores de agrupamentos de outras escolas, maioritariamente públicas, professores e investigadores universitários, conscientes do privilégio que é fazer o que se gosta e poder partilhá-lo. Explicámos as linhas que seguimos ao estruturar a disciplina, partindo do programa sugerido pelo Ministério da Educação. Tal não podia ser feito sem apresentarmos aqueles que, desde o início, têm sido os nossos companheiros de viagem: Helena, uma menina grega, e Augustus, um menino romano. É com a sua ajuda que estruturamos os nossos materiais, incluindo um diálogo em que, ora um, ora outro, transmite aquilo que de antigo tem pouco e se encontra bem presente e vivo no nosso quotidiano. Acompanhadas por eles, mostrámos um pouco daquilo que tem sido a disciplina aqui nos Salesianos de Lisboa e as dinâmicas implementadas.
Se é fácil? Pode parecer. No entanto, nem sempre foi e nem sempre é. Cada ano tem trazido novos desafios. Olhamos para trás e ainda somos capazes de sentir “as borboletas na barriga” que sentimos no início, partindo do zero, sem modelos e sem manuais. Hoje, podemos dizer que a disciplina não está fechada nos 45 minutos de duração que tem convencionados no horário. A disciplina está na biblioteca, quando os alunos para lá correm em busca de informações, está no pátio, quando os dias permitem e os trabalhos de grupo se espalham pelas mesas do pórtico do 2.º ciclo, e está em todas as outras, porque temos a sorte de poder contar com professores despertos e atentos, que salientam nos seus conteúdos a presença das raízes clássicas, sejam elas linguísticas ou culturais, e que fazem com que esta disciplina seja também sua. Uma das coisas que reforçámos na nossa apresentação foi o facto de ninguém trabalhar sozinho. Sozinho não se vai muito longe. Temos muita sorte, acreditem, por não caminharmos sozinhas. Não é assim em todo o lado. Aqui fica o nosso agradecimento a todos aqueles que tornaram este percurso possível e que continuam a caminhar ao nosso lado.
Não poderíamos terminar esta partilha sem vos contar o momento que mais nos aqueceu o coração. No início da pausa para almoço, fomos abordadas por duas professoras, que não se identificaram, e que nos deram os parabéns pela apresentação, afirmando que era evidente de onde vínhamos, pois a forma como havíamos falado com tanta alegria e entusiasmo sobre o que fazíamos só podia ser reflexo de que “a educação é um assunto do coração”. Ficámos sem muito mais palavras do que um “obrigada”, mas o nosso sorriso e o brilhozinho nos olhos devem ter dito muito mais. Foi a sensação de missão cumprida, de termos conseguido, de forma clara e concisa, mostrar o que é feito na disciplina, de onde vem e para onde vai, mas que só pode ser assim por ser feito à maneira salesiana. E a verdade é que não o saberíamos fazer de outra forma.
Ana David, Joana Nogueira e Tânia Figueiredo | Professoras