| Mensagem do representante de antigos alunos |

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4Está perante vós o representante dos antigos alunos que agora discursa em seu nome. Pensei várias vezes nesta frase, li-a repetidas vezes, não me soava bem a palavra “antigo”. Como?! Se ainda em junho deste ano era aluno sem aquela maldita palavra ”antigo” atrás? Confesso que foi daqueles momentos em que forcei uma pose introspectiva, olhei romanticamente o horizonte de betão da minha janela e disse: Os anos passam rápido… Bem já me resignei ao título.

Pronto, somos antigos alunos. Falo, falo, falo, digo antigo mas não passamos de miúdos, que acham que têm experiência de vida mas que na verdade estão a aprender pouco a pouco coisas de pessoas grandes. Cada um à sua maneira, descobriu, ou não (também existem indecisos) o caminho para o seu futuro próximo. E para aqueles que me olham, alunos desta casa, venho eu do alto da minha “antiguidade” contar-vos por pontos altos aquilo que alguns dos meus colegas andam a fazer por aí este ano. Começo pelos que entraram em primeira opção na faculdade, em Lisboa, Porto, Coimbra, Caldas da Rainha… Para o registo, não conheci nenhum que não tivesse lutado a sério por esse objetivo. Técnico, Clássica, Nova, Católica… Em segundas opções e segundas fases alguns acabaram noutros cursos, por décimas ou centésimas, sem lhes tirar o mérito, aliás, têm-no todo.

Queria deixar uma homenagem aos navegadores portugueses, que foram para o estrangeiro estudar na universidade de sonho. E àqueles que não desistem daquele curso e repetem os exames para melhorar a média. Não esqueço aqueles que resolveram parar um ano os estudos, não os esqueço porque eu sou um deles. Uns trabalham já, outros procuram trabalho, alguns decidiram parar literalmente para pensar, enquanto comem batatas fritas no sofá em maratonas de séries do Netflix. Um curso de línguas, dar aulas (sim, ouviram bem, dar aulas) voluntariado, viajar, sair da bolha, ver o mundo… Só queria que vocês percebessem, através deste testemunho geral mas sincero, o rol vasto de opções que têm porque na realidade elas existem e cada um dos meus semelhantes representa uma.

Não eliminem nenhum caminho, optem por vários se for preciso, nós somos jovens porque queremos perspetivas, queremos saber como vivem os grandes e podemos sabê-lo de muitas maneiras, das formas mais criativas e inovadoras. Posso dizer com segurança que todos aqui presentes partilhamos o mesmo privilégio: a educação que nos foi dada por pais, professores e muitas outras pessoas extraordinárias que cruzaram o nosso caminho. Lembrem-se deste privilégio que têm: de poder escolher. Não tenham receio de errar, de arriscar. Quem não faz, não erra, diz o meu pai. Usem este poder para vosso bem e para o bem dos outros. Eu lembro-me sempre daquela anedota do Woody Allen, em que um homem vai ao psiquiatra e diz: “Doutor, tem de me ajudar, o meu irmão pensa que é uma galinha!” O doutor pergunta incrédulo: “Então porque não o traz cá para o podermos tratar?” E o homem responde: “Pois, até o faria, mas onde iria buscar os ovos?”. Temos um mundo à nossa frente e se forem necessários os ovos para o alcançar, não tenham medo de os ir buscar.

 António Vaz Pato | AA