“As pesquisas demonstram que o efeito professor afeta indiscutivelmente o desempenho escolar de todos os alunos e que, de entre eles, são os alunos com mais dificuldade que são mais beneficiados. Para além disso este efeito é aditivo e cumulativo.” Um número cada vez mais importante de estudos converge para as conclusões seguintes: A escola, e particularmente o professor, pela gestão da sua turma e do seu ensino, influencia a aprendizagem dos alunos; por conseguinte, melhorando as práticas pedagógicas, pode-se melhorar o rendimento escolar dos alunos. As práticas de ensino possuem, pois, um poder de influência importante no sucesso escolar dos alunos, particularmente junto dos que provêm de estratos socioeconómicos baixos. Mas nem todas as práticas produzem os mesmos resultados. Segundo numerosos estudos de meta-análise sobre as metodologias de ensino mais eficazes é a Direct Instruction centrada no professor a que melhores resultados apresenta em todos os géneros de competências (de base, cognitivas e afetivas). Por outro lado, também se assinala que a redução do ratio professor-alunos não é eficaz senão na medida em que os professores recorrem a práticas pedagógicas estruturadas, fazendo apelo a uma estratégia de ensino explícita. O ensino explícito e sistematizado (que não pode ser confundido com o método expositivo e magistral) caracteriza-se pelas dimensões seguintes: Sequencialização de unidades: segmentar a competência a desenvolver em pequenas sequências. Adaptar a dificuldade da tarefa ao nível de desempenho do aluno. Acompanhar o aluno, etapa a etapa. Exercitação e revisão: planear as revisões e os exercícios em função do nível de domínio procurado. Consolidar as aprendizagens através da revisão e repetição. Fornecer feedback. Fazer revisões semanais. Segmentação: decompor as competências visadas em unidades mais pequenas e ordená-las para facilitar o ensino e a aprendizagem. Questionamento: incitar os alunos a colocar questões (e não apenas nem sobretudo a responder a questões) de modo a gerar-se um diálogo com o professor e/ou os seus pares. Andaimar (organizar o ensino segundo a metáfora do andaime): controlar o nível de dificuldade da tarefa proposta ao aluno, verbalizar as etapas para a resolução do problema e exprimir em voz alta a sequência do raciocínio, fornecer indicadores de realização, favorecer a compreensão através de questões, apresentar atividades de curta duração e fornecer o apoio necessário à sua realização, evoluir do mais fácil para o mais difícil. Tecnologia: facilitar a representação visual de conceitos através da utilização de tecnologias multimédia para ajudar à representação mental de abstrações ou de esquemas mais complexos a dominar. Ensino-aprendizagem em subgrupos: trabalhar em pequenos grupos para favorecer a discussão entre os alunos e entre estes e o professor. Apoio dos pais: implicar os pais no apoio aos “deveres” e às aulas. Ensino de estratégias: o ensino de estratégias cognitivas e metacognitivas encoraja o aluno a ver as suas próprias representações, a destacar o essencial dos elementos de informação, a selecionar as técnicas apropriadas de memorização, a identificar as sequências e o caminho lógico do raciocínio, a reutilizar os conhecimentos recentemente adquiridos, a comparar procedimentos e a compreender os erros e respetivas causas. Em síntese: a planificação de microsequências de ensino, a implicação dos alunos nas tarefas, o acompanhamento, supervisão e apoio, a avaliação formativa, o treino continuado e intensivo são elementos-chave para o êxito dos alunos. Sobretudo daqueles que têm mais dificuldades. E estes dados vêm revelar a necessidade de reorientar a formação inicial e contínua dos professores e a gestão e coordenação do trabalho que se realiza em cada escola. Excertos do documento Quelles sont les pédagogies efficaces? Un état de la recherche, Fondation Pour L’Innovation Politique, Janeiro de 2005. https://www.fondapol.org/app/uploads/2020/05/Etude_Quelles_sont_les_pedagogies_efficaces-1.pdf