| “O melhor de mim, o melhor de ti, o melhor de cada um de nós” |

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2Era uma manhã igual a tantas outras, em que acordamos e corremos a perceber, ao fim e ao cabo, se uma vez mais vamos conseguir cumprir todas as responsabilidades, o que é esperado de cada um de nós, antes mesmo de supostamente começarmos realmente a trabalhar, iniciar os nossos desempenhos, as tarefas da sala de aula. Em que vestir não é só vestir, mas temos que vestir adequadamente e temos que ficar bem para nós e para os outros, nos diferentes contextos onde vamos interagir. Comer, não significa meramente o ato em si, mas a preocupação de como o fazemos e do que nos alimentamos.

E assim vai sendo de ação em ação, cada uma que fazemos de forma bem pensada. Enfim… 

Depois segue-se o percurso até ao colégio, que é uma verdadeira odisseia sem descrição, onde todos nos identificamos.

Por fim e para fugir aos pormenores do percurso chegamos a horas, que é absolutamente essencial para agora sim começarmos o dia de desempenhos de excelência, que é o que se espera. Aqui começa o que seria para mim, sem saber, um momento muito especial do meu dia. A minha filha mais nova, a Laura, convidou-me para a acompanhar à sala de aula com o argumento de que talvez fosse a última semana da “sala do sol”. A tal “sala do sol” que despertou tantas curiosidades, primeiro nas crianças depois nos pais, para perceber o projeto, a ideia de quem pensou esta sala. Confesso que fiquei entusiasmada com o convite, mas na dúvida se seria oportuno sem ter falado ainda com a professora Beatriz.

 Descemos ao pátio do primeiro ciclo e aguardámos juntas, eu e a Laura a observar os amigos, as brincadeiras, as movimentações da manhã, toda aquela energia matinal junto dos insufláveis. Sem me aperceber chegou junto de nós uma professora simpática, bem disposta, que abraçou a Laura e me cumprimentou dando as boas vindas e referindo um conjunto de elogios à minha filha, merecidos, que ouvi feliz e manifestei a minha gratidão; afinal não há nada melhor para uma mãe ouvir. Passámos alguns minutos neste primeiro e muito agradável contacto e, rapidamente, a Professora Beatriz convidou-me, no mesmo tom descontraído e simpático, para subir e ver o espaço da sala de aula, “sala do sol” e participar na oração da manhã. Mais um motivo para agradecer.

Juntou os seus alunos carinhosamente, convidou-me esticando o braço para me aproximar do grupo, e de uma forma ordeira e bem disposta subimos até ao “céu” do edifício onde o sol fica mais próximo. Finalmente entrámos, estávamos na “Sala do Sol”. Como me apraz fazer fiquei a observar e a recolher todas as sensações do momento. Já tinha ouvido falar dos puffs e que bom que é ficar descalço!!! As garrafas de água em cima das mesas, primeiras  conversas, falam brevemente sobre a expressão do fim de semana e de apontamentos leves mas assertivos para o início do trabalho da semana que agora começava; também da mensagem que será passada durante esta semana em que irão ter novas aprendizagens (conversa com a professora). Atrevo-me num breve momento a perguntar-lhes o que acham da “Sala do Sol”:

– “É tudo mais fácil aqui!”

– “É descontraído.”

– “Aprendemos mais!”

Que espaço mágico será este?!

A Professora Beatriz pediu a atenção de todos para um filme de apenas 2 minutos (afinal não é preciso mais) sobre ações para mudar o mundo.

Afinal é fácil mudar o mundo! Como as ações nos tocam, como os pensamentos nos afetam e nos movem. E como estas crianças participaram espontaneamente com o seu contributo para o tema.

Fui convidada para um ato solene: ser eu a fazer a oração da manhã. Neste momento o Professor Agostinho Moreira entrou na sala, o que tornou o momento ainda mais especial. 

Orámos juntos, “nos momentos em que toda a gente está conectada sinto que há algo maior”. 

Terminámos a oração conectados, preparados para, agora sim, dar início a um sem número de tarefas, usar as competências. Despedi-me agradecendo pelo privilégio que tive esta manhã, pelo momento mágico de partilha, pelo sentimento de poder para mudar o mundo, pelas expressões simpáticas dos pequeninos e da professora que ficaram a trabalhar na sala maravilhosa; a tal “Sala do Sol” que finalmente conheci.

Agradeci à minha filha com um beijo e um abraço pelo convite que partiu dela e que me abençoou esta  manhã.

Este momento, esta partilha, estes meninos, a minha filha Laura e a Professora Beatriz; o momento de oração, permitiram-me pensar no melhor de mim e dos outros. É a este pensamento que me vou agarrar no dia de trabalho que agora vai começar para mim: o melhor de mim, o melhor de cada um de nós, foi este pensamento que construí nos minutos que passei na “Sala do Sol”. 

Teresa Varela | Mãe e Encarregada de Educação