O que nos dizem os livros…

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Francisco Domingues

O livro Moby Dick é a obra-prima de Herman Melville, autor do século XIX e natural de Nova-Iorque. Este livro conta a aventura de Ismael a bordo do baleeiro Pequod. Sem muito dinheiro nem nada que o mantivesse em terra firme, o nosso protagonista decide embarcar na caça à baleia em Nantucket, uma cidade na costa este dos Estados Unidos.

Pelo caminho, conhece o seu melhor amigo, o canibal Queequeg, e juntos embarcam no pequeno Pequod, que tem por comandante Ahaab. Após ter sido mutilado pela monstruosa baleia branca Moby Dick, este procura a sua vingança, instalando-se tiranicamente na liderança do navio. Depois de anos de viagem pelo oceano Atlântico e Índico, finalmente chegam ao Pacífico, onde lutam durante três dias contra o cetáceo, que acaba por afundar a embarcação, causando a morte de todos menos Ismael.
Por um lado, o mais impactante e interessante nesta obra é a sublime construção das personagens por Melville. Estas apresentam sempre um propósito específico na obra, aproveitando para realçar contrastes entre variadas culturas e maneiras de ver o mundo. O melhor amigo do protagonista, Queequeg, é um excelente exemplo disto ao representar as culturas indígenas, desde o modo como chegou até Natucket e se tornou baleeiro, até mesmo aos seus rituais de adoração aos deuses pagãos.
Por outro lado, algo que dificulta a leitura do livro é a aparição constante de pensamentos soltos, que tornam a obra mais extensa e, por serem colocados aleatoriamente, fogem à narrativa fazendo com que o leitor perca a perceção da história. Por exemplo, ao dedicar o capítulo 42 à particularidade do branco, um momento completamente supérfluo, o autor foge do assunto do livro. Assim, este aspeto dificulta a capacidade de o leitor se manter atento e cativado para a leitura, uma vez que se trata de mais uma reflexão vaga que nada acrescenta à obra.
Concluindo, apesar de ser um livro marcante e intemporal, a obra de Herman Melville pode não ser a escolha mais acertada para todos os leitores. De facto, ainda que conte com personagens construídas de forma exímia, oferecendo perspetivas e culturas únicas, é uma narrativa extensa e com divagações complexas que dificultam a leitura.


Francisco Domingues, 10.º T1