O que nos dizem os livros…

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Miguel Miranda A obra As Vinhas da Ira foi escrita por John Steinbeck, um conhecido autor, natural dos Estados Unidos, premiado com o Prémio Pullitzer, em 1940, pela redação da obra mencionada. Este livro foi lançado pela primeira vez, em 1939, pela editora americana The Viking Press. Assim, a sua ação inicia-se durante o período histórico da Grande Depressão, nos EUA, mais concretamente no estado do Oklahoma, um dos mais afetados por esta crise. A história desenrola-se à volta de uma família, os Joad, que ao se verem sem trabalho, com as suas plantações arruinadas e com a sua fazenda fechada pelo banco, decidem juntar-se a um antigo pastor da Igreja e rumar a Ocidente, onde julgavam encontrar melhores condições de vida. Contudo, irão enfrentar enormes dificuldades financeiras para sustentar um tão longo trajeto. Ao chegarem à Califórnia, deparam-se com salários baixos, exploração laboral e ausência de emprego e condições de vida, terminando a ação com a trágica morte de um recém-nascido, filho de uma das mulheres da família, devido a complicações decorrentes de um parto feito em condições muito precárias. Em primeiro lugar, o autor revela a sua perspicácia ao ser fiel ao contexto histórico em que insere a ação da sua obra, a Grande Depressão, uma crise económica e social que afetou os EUA entre o final dos anos 20 e o início da década de 30 do século XX, e por nela incluir extra ação informações relativas ao quotidiano de um cidadão americano que viveu durante este período. Por exemplo, é descrito de forma detalhada chegada dos representantes dos bancos às várias propriedades do estado do Oklahoma para expulsar os fazendeiros arrendatários e confiscar seus bens, desde os pessoais, àqueles, como os tratores, necessários para arar a terra. Para além disso, são abordadas as reações de revolta e incompreensão manifestadas pela população atingida. Em segundo lugar, o autor explora de forma muito pertinente as duras condições de vida das pessoas que se deslocavam para outros Estados, de onde recebiam falsas promessas de uma vida melhor. Estas famílias chegavam com a esperança de encontrarem um novo rumo para a sua vida, porém deparavam-se com precárias condições de vida, que punham em causa a sua dignidade humana, como uma alimentação inadequada, falta de condições de higiene e habitabilidade, provocadas pela ausência de emprego. Por exemplo, só ao fim de algum tempo, conseguem encontrar um acampamento do governo, em Weedpatch , Califórnia, que lhes garantia condições como tendas para pernoitar, casas de banho e tratamento digno pelas forças de segurança, direitos básicos que lhes foram negados durante vários meses de permanência naquele estado. Em suma, a obra As Vinhas da Ira é um relato emocionante sobre o quotidiano de uma família americana que se viu obrigada a deixar a sua terra natal e a deslocar-se para outro estado em busca de melhores condições de vida. Deste modo, o autor revela astúcia ao acompanhar a ação da obra com relatos e pequenos episódios que transportam o leitor para o exigente contexto histórico da época. Do mesmo modo, John Steinbeck abordou, de forma muito realista, mas também pedagógica, as duras condições de vida que as várias famílias, na mesma situação que os Joad, tinham de enfrentar na tentativa de alcançar “o sonho americano”, que, por vezes, acabava por não se concretizar. Miguel Miranda, 12.º E1