| Para ser uma boa escola |

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| Para ser uma boa escola |Para Hopkins (2007, citado por Cabral, 2017) qualquer escola pode ser uma boa escola ou, como designa Perrenoud (2003) uma escola eficaz, desde que se orientem as mudanças para a melhoria da qualidade do processo de ensino e aprendizagem e que reúnam determinadas características, nomeadamente:

i) Exercer uma liderança visionária, mobilizadora e distribuída. Uma mudança na organização educativa bem-sucedida tem que ter por base um tipo de liderança inconformada e que lidere pelo exemplo, pela audácia, pela humildade e pelo serviço aos outros (Alves, 2015). Deve ser também uma liderança capaz de mobilizar os diversos agentes educativos, em função de um projeto e objetivo comum, numa lógica de responsabilidade partilhada pela melhoria.

ii) Dar sentido à mudança. O sucesso das mudanças está fortemente relacionado com o sentido que os atores envolvidos nos processos de mudança lhe atribuem. Se as pessoas se sentirem envolvidas e responsabilizadas pelos processos de mudança, vão orientar os seus esforços para atingir os objetivos que foram estabelecidos conjuntamente.

iii) Mudar a partir do coração da escola: a sala de aula. Os processos de melhoria das escolas devem direcionar-se para mudanças ao nível da sala de aula e, simultaneamente, ao nível da escola. É fundamental que se proceda a uma abordagem holística da melhoria das escolas, centrada na melhoria das aprendizagens dos alunos, o que implica a alteração das práticas em contexto de sala de aula, da gramática escolar tradicional e da forma como as escolas estão organizadas. Mas este tipo de reformas implica que as mudanças comecem internamente e de forma coletiva, incitando os próprios atores educativos a trabalhar de forma colaborativa e comprometida. 

iv) Criar núcleos de aprendizagem colaborativa. As mudanças bem-sucedidas implicam um trabalho coletivo por parte dos docentes, que se poderá concretizar através da construção de núcleos de aprendizagem colaborativa. Para melhorar a ação de fazer aprender, é necessário um trabalho contínuo e conjunto, baseado na partilha de valores educativos e pedagógicos, na investigação, na produção coletiva de respostas.

v) Adotar uma política de reconhecimento e valorização. O reconhecimento e a valorização de todos os agentes educativos (alunos, docentes e não docentes), e dos pequenos sucessos que cada um deles vai alcançando, é fundamental para que todos se sintam úteis e comprometidos com a mudança que se pretende efetuar. 
vi) Apostar na qualidade das ligações escola-família. É fundamental fortalecer a comunicação entre a escola e os pais, para que estes confiem na capacidade da escola para resolver os seus problemas internos e melhorar o processo de ensino e aprendizagem.

vii) Criar experiências positivas em torno da mudança desejada. Se, com as mudanças efetuadas, os agentes educativos envolvidos se sentirem bem e sentirem que a mudança é positiva, vão incitar esforços para que a mudança seja cada vez maior e significativa.

J. Matias Alves