A Beatriz Almeida e a Beatriz Flores vieram à festa.
Deixaram as suas atividades diárias e vieram à festa. Saíram da escola, após a conclusão do Secundário, no ano 2013, e não resistem ao chamamento do carisma de D. Bosco. A manhã deste dia festivo foi passado junto desta família que aprenderam a amar.
Cinco anos depois, voltei a casa. Entrei pelo portão do Sr. Fernando, cruzei-me com o José Bernardo e cumprimentei-o como se nos tivéssemos visto ontem. Depois, subi as escadas do edifício do segundo ciclo. No fundo, repeti aquilo que há muito tempo foi a minha rotina. E soube, soube mesmo, a um regresso a casa.
Vim aqui para a missa que celebra S. João Bosco, no dia 31 de janeiro de todos os anos. No momento em que entrei na igreja, esqueci as mudanças lá de fora. Os plasmas na parede, os quadros interativos, as diferenças que foram acontecendo – foi (e ainda é um bocadinho) a minha casa desde 2001, e temos que lhe dar o benefício de se renovar para os mais novos que vão chegando – as diferenças que foram surgindo, dizia eu, chegam à porta da igreja e não entram. Somos todos iguais, estamos todos para o mesmo. E eu sou transportada para quando a missa era dada pelo Padre Álvaro, e mais tarde pelo Padre José Cordeiro, e tenho as mesmas sensações que sempre tive. Sorrio quando sempre sorri, arrepio-me quando sempre me arrepiei.
A missa não mudou, ou eu não mudei perante esta forma tão especial que, aqui em casa, têm de nos apresentar a Fé. Mudou, sim, a minha maturidade e dou por mim – talvez por isso, talvez por nostalgia, talvez por algo mais que não consigo decifrar – emocionada na igreja que melhor conheço, a pensar no bem que esta casa me fez e faz; na formação Salesiana tão presente em mim e que me leva a querer ser um bocadinho melhor a cada dia que passa.
De coração mais leve e sorriso na cara, saio daqui com muito mais força para agarrar o mundo lá fora, porque sei que posso sempre voltar, que todas estas pessoas torcem por mim (alguns, como autênticos pais e mães. E que boa sensação esta!) e que, acima de tudo, me ensinaram a encontrar e a ser sempre a melhor versão possível de mim.
Percebo hoje, mais velha e com mais perspetiva, que um “obrigada”, mesmo que dito todos os dias e de várias formas diferentes, nunca vai chegar para agradecer aos Salesianos por terem feito de mim quem, orgulhosamente, sou.
Beatriz Almeida | Antiga aluna
Hoje foi dia de festa na minha casa. Então, depois de cinco anos, voltei.
Na minha casa reencontrei os pais que ajudaram os meus pais a educar-me quando eu não estava em casa, com olhares, sorrisos e abraços que ainda sabem a casa.
Na igreja, onde o tempo parece não ter passado, as músicas e a alegria trouxeram de volta uma menina de seis anos, que encontra conforto no colo do Pai que melhor a conhece.
O tempo foi mudando os corredores as salas e os pátios da minha casa. Felizmente, e atenuando a minha saudade, manteve os sons, a luz, as brincadeiras (e os muitos joelhos esfolados) que a fizeram minha.
Saio da minha casa com o coração cheio e o entusiasmo com que, aos 18 anos, parti para enfrentar o mundo.
Hoje voltei à minha casa. E senti-me em casa.
Beatriz Gomes Flores | Antiga aluna