O que é o talento? Como se pode qualificá-lo e, quando chega o momento, quantificá-lo para o classificar? A reflexão impõe-se e, inquietante, deixemo-la pairar.
Não existe uma só resposta, uma só definição – como sobre tantos outros assuntos, não há consenso. Porém, há “inegabilidades”. Não arrisco chamar-lhes factos, antes prefiro este termo, inventado agora por necessidade e conveniência. E o que significa, então? Significa aquilo que aparece como evidente perante todos, o que, à partida, satisfará todos os pólos e não será condição de discórdia. Uma destas “inegabilidades” é que o talento é sinónimo de exceção.
Antes de mais, esclareço que esta exceção se alarga a todos, pois todos possuem talento. Se pareço contradizer-me, permitam-me que clarifique. A qualidade excecional do talento não brota da raridade com que se manifesta num grupo reduzido de pessoas, mas da variedade e carácter único de que se veste em cada um de nós. Cabe àqueles que sentem o seu dom agitar-se dentro de si partilhá-lo, mostrá-lo, maravilhar-nos com ele. É preciso coragem e dedicação para o fazer, investimento e perseverança também.
Da mesma forma, é responsabilidade daqueles que têm o prazer de conhecer e fruir desse talento fomentá-lo, trabalhá-lo e multiplicá-lo. Foi neste sentido que surgiu a iniciativa de um concurso que agregasse os talentosos artistas que povoam os corredores e pátios da nossa escola. Disse antes que todos possuímos talento. O Got Talent Salesianos foi à procura daqueles que se destacam nas áreas da música e do canto, da dança e da ginástica, da magia, do teatro, da representação, da comédia e de tantas outras artes, abrindo a porta a todos os jovens cuja presença no palco é inata, cativante e digna de qualquer audiência.
Era-nos impossível levar até ao fim deste percurso a totalidade dos incríveis candidatos que tivemos o prazer de escutar e observar. As escolhas nunca são fáceis, não importa quão simples parecem. Fomos obrigados a selecionar uma dúzia de entre cerca de oitenta participações iniciais, cada qual especial de forma única, para integrar a fase final do Got Talent. Tarefa mais ingrata ainda foi a dos nossos caríssimos jurados – Professora Alexandra Reis, Professor Frederico Cruz e Joana Noronha -, encarregues de selecionar os três lugares do pódio. Por seu lado, o público que assistiu ao espetáculo participou na eleição da sua atuação preferida, lançando uma competição renhida decidida por um único ponto! O grupo das “Danásticas” – Clara, Constança e Isabel (5ºD) – venceu entre o júri, logo seguido dos “Monkey Comédia” – Miguel e Leonor (4ºC) -, procedidos pela Leonor Beatriz (8ºB), enquanto as “Preto e Branco” – Mia e Benedita (6ºE/I) – conquistaram o voto da audiência. A todos, mais uma vez, muitos parabéns!
A Associação de Estudantes, dinamizadora deste evento, gostaria de agradecer aos seus colaboradores, cujo trabalho e entrega foram essenciais para a preparação e sucesso da iniciativa. Deixamos, igualmente, o nosso profundo obrigado àqueles que arriscaram e entraram no concurso, partilhando connosco os seus preciosos talentos. E não podemos finalizar sem mostrar o nosso reconhecimento para com todos os que vieram apoiar os nossos candidatos na gala final, e que até lá os encorajaram e apoiaram.
Comecei por perguntar: o que é o talento? Logo a seguir, reconheci ser impossível atribuir-lhe uma descrição clara e objetiva sem que parecesse redutora. Pois bem, o talento pode não ter definição, mas o certo é que todos assistimos à sua realização.
João Martins | 12.º ano