Se às vezes digo que as flores sorriem

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Se às vezes digo que as flores sorriem E se eu disser que os rios cantam, Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores E cantos no correr dos rios… É porque assim faço mais sentir aos homens falsos A existência verdadeiramente real das flores e dos rios. Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes À sua estupidez de sentidos… Não concordo comigo mas absolvo-me, Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza, Porque há homens que não percebem a sua linguagem, Por ela não ser linguagem nenhuma. In O Guardador de Rebanhos | Alberto Caeiro