Sobre a guerra, o terrorismo e a maldade

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“Como havemos de lhes responder aos porquês que os assaltam sobre os motivos que levam pessoas inteligentes, sensíveis e bondosas até à estupidez, à crueldade e à absoluta ausência de humanidade?” O século XXI trouxe-nos a Humanidade mais escolarizada que jamais existiu. E, ao mesmo tempo, acentuou, também, a distinção entre guerra e terrorismo, como variantes da irracionalidade, da violência e do ódio humanos. Depois daquilo que assistimos na Ucrânia ou na Palestina, torna-se quase anedótico que expliquemos aos nossos filhos que todas as pessoas são boas, de confiança, amáveis e solidárias. Como havemos de lhes responder aos porquês que os assaltam sobre os motivos que levam pessoas inteligentes, sensíveis e bondosas até à estupidez, à crueldade e à absoluta ausência de humanidade? Como havemos de ter argumentos para que se comovam para a sabedoria humana se as pessoas que destroem, que destroçam e matam são pessoas como eles e como nós?… Mas aquilo que os nossos filhos também precisam de perceber é que o que separa a racionalidade e a bondade humanas da maldade não é uma linha ténue. Ou uma fronteira frágil e precária. Mesmo que a reboque da maldade haja quem se aproveite para nos advertir – com uma espécie de “terrorismo de seda” – que, “lá no fundo”, somos todos maus. Como se a forma de elegerem a maldade os sossegasse da bondade de que não são capazes. O número de maus é, infinitamente, menor que o das pessoas boas! Por mais que uma parca quantidade de maus faça por conspurcar os bons. E os tente corromper com a sua maldade. Mas as pequenas maldades existem. Na forma como olhamos pouco para os outros e pelos outros. No modo como elegemos a nossa notoriedade e a vaidade sobre tudo o resto que não é bondade. Ou como insistimos na indiferença e no individualismo diante do sofrimento humano. E no jeito indolente – e, até, um bocadinho cobarde – como nos insurgimos contra a maldade. Sempre que escolhemos não ser, claramente, bons condescendemos, devagarinho, com a maldade. Daí que não se trata só de lhes lembrarmos que a bondade é um exercício de inteligência e uma escolha. Mas, também, de lhes recordarmos que todas as formas de “maldade liofilizada” com que vivemos – que, passo a passo, os “estragam” – são pequenas maldades que, sem os tornarem capazes da irracionalidade e do ódio, os “amolecem” e “encolhem” quando se trata de fazer frente aos “maus”. Por Eduardo Sá Disponível em: https://escolaamiga.pt/blog/c14b0caa-81f0-460f-92f4-468e381e606e?filters=[]&offset=0&total=10&fbclid=IwAR2RKr3jPSTjNSm4C8UnC4vcbbsWdHlJ0euMzrTRKtCB9wdlrPa29xPzsVQ