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Vivemos invadidos pelo Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Na vida social corremos de um lado para o outro, afogados no trânsito e no monóxido de carbono. Na vida familiar, quase não temos tempo para estar e ser uns com os outros.

Bombardeados por milhões de notícias, de imagens, de misérias. Controlados pela BIG DATA que nos conhece melhor do que nós mesmos. Na vida escolar, há a pressa de mudar de sala, de matéria, de cumprir um programa, quantas vezes inútil. Só porque o exame está sempre à espreita e os seus resultados parecem querer instituir-se como a verdade única e oficial. E quem se desvia está necessariamente errado. [havendo até cérebros iluminados que já defenderam  A correção estatística automática -my God!]

Vivemos quase sempre a toque de caixa, a toque de campainha. Asfixiados pelo peso do absurdo. Pelas hierarquias que não sabem O que dizem e o que decidem. E ignoram o que são “os efeitos perversos” das decisões brilhantes.

Deprimidos quando vemos o longo túnel onde vai estando a nossa juventude.

O SPA a todos nos acelera. De algum modo, todos estamos a ser condenados à hiperatividade. A todos nos priva dos momentos de pausa e de uma pedagogia da lentidão que aqui já reclamámos. A todos nos empobrece porque nos retira o tempo do
olhar demorado, atento e terno. O tempo da emoção e da escuta.

O SPA a todos nos desumaniza. À velocidade da luz, aí está a escola virtual, o professor digital, o explicador sempre desperto e pronto a tirar todas as dúvidas padronizadas e pré-formatadas (como se fosse possível prever todas as sinapses químicas). A escola dos sentimentos e das emoções, dos medos e das alegrias, dos tempos dos encontros parece tender a desaparecer face à grande invasão.

Vivemos, (há quanto tempo?) sem teto e entre ruínas. Precisamos de uma escola reinventada que seja uma casa de humanidade: que valorize a diferença, que integre e estimule, que promova a auto-estima de todos, que acredite que todos podem aprender, que todos podem ter sucesso (ainda que diferenciado), que tenha consciência de que não há conhecimento sem sujeito, que não há saber sem sabor.

Com o SPA na garganta (e na ponta dos dedos) é desta escola que tenho hoje saudade.

Fonte: https://blogpot.com/2019/01/linha-de-horizonte-2-toda-gente-tem.html