De 8 de agosto a 17 de agosto tive uma das experiências mais marcantes da minha vida em Kanchanaburi, Tailândia, onde representei Portugal nas IESO 2018, as Olimpíadas Internacionais das Ciências da Terra, juntamente com duas outras participantes: Ana Fagundes dos Açores e Ana Costa do Porto. Algo que me impressionou foi o espanto dos vários concorrentes ao descobrirem que a equipa de Portugal era meramente constituída por membros do sexo feminino, uma vez que a maioria dos concorrentes eram rapazes e não havia nenhuma outra equipa só de raparigas… A verdade é que esse estigma ainda paira sobre a maioria das ciências, especialmente as testadas nas IESO. No entanto, mesmo assim, todos os membros da equipa portuguesa se destacaram, trazendo de volta ao seu país 3 medalhas de bronze.
Por um lado, a aventura tailandesa marcou-me pela beleza da floresta, das grutas, pela visita a uma cidade antiga e a tarde passada com os elefantes. Porém qualquer turista poderia ter apreciado esse lado do país: as histórias, a cultura, a gastronomia, as paisagens… Contudo, o que realmente vai deixar a viagem à Tailândia cravada nas minhas redes neuronais são os 39 países diferentes em harmonia num ambiente multicultural; são as danças de despedida com as alemãs; são os jogos de cartas com os turcos; são as piadas geológicas entre participantes; são as discotecas improvisadas com os italianos; são as gargalhadas dadas com os israelitas; são as conversas filosóficas com os brasileiros; são os desafios encarados por uma equipa de 9 nacionalidades diferentes que, com a paixão pela sabedoria e o inglês como língua comum, foi capaz de descobrir a origem de uma caverna ao analisar rochas; são os abraços fortes dados e as lágrimas sentidas partilhadas durante a longa despedida; são as noites prolongadas até às 4 da manhã pelos participantes porque todos tínhamos a plena noção que o tempo que sobrava juntos naquela outra dimensão era escasso e finito. Por isso mesmo o prolongávamos, privados do sono, estendíamos cada instante até ele ultrapassar o limite elástico. Talvez tenha sido por isso que, apesar daqueles 10 dias terem parecido segundos, ao mesmo tempo senti que foram semanas… Ao aproveitarmos todos os momentos para aprofundar os laços internacionais, acabámos todos por sair dali com amizades reais, feitas num local longe de todos os nossos deveres e preocupações, onde cada jovem era todas as versões coloridas do seu próprio camaleão, sem ser julgado. Os momentos que representam a Tailândia não podem ser avaliados por fotografias, histórias, provas de campo ou teóricas. O que representa a Tailândia para mim são emoções e sentimentos.
Enfim, esta participação nas Olimpíadas mostrou-me quão importantes são iniciativas como a que a Sociedade Geológica de Portugal tomou ao introduzir esta competição em Portugal. Afinal, todos devemos manter uma mente aberta para novas ideias que promovem a interação internacional, que nos obrigam a raciocinar e a agir, que nos põem fora da nossa zona de conforto para desse modo evoluirmos, que nos levam numa aventura inesperada, que nos desenvolvem o espírito crítico e analítico… Incentivo, então, toda a gente a não recusar as oportunidades que lhes aparecem à frente por receio de não ter tempo para conciliar tudo ou por medo de não ser bom o suficiente para alcançar um objetivo. Em vez disso, devem tentar libertar-se da ideia que só nos podemos focar na escola. Estas experiências do mundo alienígena que se encontra fora da bolha existencial que é a nossa escola são importantes! Quer sejam atividades extracurriculares, quer sejam projetos ou concursos, tudo contribui para o enriquecimento do caráter e do conhecimento. Por estas e outras razões, nenhuma proposta de uma nova aventura deve ser rejeitada. Pelo contrário! Deve ser agarrada com unhas e dentes.
Madalena Filipe | 12T3