> Seara > Tempo de aridez

“A aridez é um tempo de espera, um tempo de paciência, um tempo de silêncio, um tempo de oração […] É um deserto que, apesar de estéril, pode ser habitado, pode ser atravessado.” A aridez é um tempo de espera, um tempo de paciência, um tempo de silêncio, um tempo de oração. É um tempo em que é necessário esperar com paciência a aurora que não tarda a chegar, em que é preciso acolher o silêncio que é prenúncio de uma voz, em que é preciso cultivar a oração que é resposta a um amor que sempre se renova. A aridez é um tempo de purificação, um tempo de crescimento, um tempo de confiança. É um tempo em que é preciso deixar que a terra seja revolvida, que as raízes sejam cortadas, que as folhas caiam. É um tempo em que é preciso confiar que o amor que nos conduziu até aqui é o mesmo amor que nos conduzirá adiante. É um deserto que, apesar de estéril, pode ser habitado, pode ser atravessado. É um deserto que nos desafia a olhar para além do que é visível, a caminhar com os olhos postos no horizonte. É um deserto que nos convida a abrir as mãos, a deixar que o vento leve o que já não é necessário, a deixar que o sol queime o que já não serve, a deixar que a chuva fecunde o que ainda pode crescer. É um deserto que nos lembra que o essencial é invisível aos olhos, que a vida é mais do que aquilo que se vê, que Deus é mais do que aquilo que entendemos. Cardeal José Tolentino Mendonça