| Uma história de uma língua |

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Eis um Bom Dia que se inicia com um “Golo!” e com uma canção de amor… Ninguém diria que seria um Bom Dia sobre a história de uma língua, se não soubéssemos que a história da nossa está repleta de heróis improváveis.

Ora, foi precisamente essa a linha condutora de toda a conversa que a professora de Português, Ana David, teve com todos os alunos de 10.º ano, na passada quarta-feira. De forma emotiva, de repente, todos erguemos as nossas vozes (em Português, claro!) perante o golo de Éder… Em uníssono, todos cantámos a música que Salvador Sobral tornou universal. Afinal, são estes “heróis”, como tantos outros que marcaram a nossa história comum, que elevaram a nossa língua e que a levaram mais longe.

Com estas memórias mais recentes, fomos conduzidos ao longo de uma viagem no tempo, para chegarmos às nossas origens e para descobrirmos um pouco mais sobre esta língua, com a qual sonhamos, pensamos, sentimos, criamos. Nessa viagem, ouvimos falar, de uma forma cativante (porque de outra forma não poderia ser), de substratos, estratos, superestratos, adstratos, de latim, celta, árabe, germânico, galego-português, mas, acima de tudo, sentimos o orgulho da língua que nos une, espelhado naquele palco, naquele auditório. 

Naturalmente, no meio de tantos conceitos, foram surgindo nomes de heróis que, de forma provavelmente bastante improvável, tornaram possível que hoje falássemos Português, aqui neste cantinho da Europa à beira-mar plantado. Além desses, foram evocados os heróis que, nas suas cascas de noz, levaram esta nossa língua para além das fronteiras do mundo que até então conhecíamos. Desta forma, atravessámos os séculos da nossa história, desde o Português Antigo até ao Português Moderno, com uma passagem pelo Português Clássico. Evidentemente, não ficou esquecido um Verney, pelo seu grandioso contributo.

Assim, tudo isto nos ajudou a perceber melhor a língua que não somos (uma língua latina) e a que, efetivamente, somos (uma língua românica). Tudo, enfim, para sabermos um pouco mais sobre a língua com a qual comunicamos todos os dias e sobre o país que tantas vezes dizemos amar. Amaremos nós realmente a nossa língua tanto quanto deveríamos? Na verdade, todos nós podemos e devemos ser heróis improváveis na missão de honrar e preservar este grande legado histórico que é a nossa língua-mãe. 

Cláudia Vale | Professora