Caros diretores, professores, funcionários e colegas:
De todas as maneiras que podíamos começar este discurso, escolhemos fazê-lo com uma simples frase: que dia feliz para se ser Salesiano!
Hoje, encontramo-nos a exatamente 11 dias de encerrar um dos capítulos mais marcantes das nossas vidas, e como a melhor forma de nos despedirmos é a reviver o passado, recordamos, agora, o percurso em que começámos como crianças e saímos como adultos.
O primeiro ciclo: aquele onde não sobrava tempo para a tristeza, só a que aparecia quando o nosso amigo nos roubava a caderneta dos cromos ou quando não conseguíamos fazer uma conta de somar. Tantas amizades por fazer, tantas experiências novas por viver. E ainda que existisse uma responsabilidade crescente, a mesma acabava por ser anestesiada pela simples euforia de se ser criança. Tudo era motivo de alegria: desde a preparação para o Bom Dia, à Festa de Natal, passando pelos Magustos onde ansiávamos pelas castanhas e pelos dias de Carnaval onde competíamos por quem tinha o disfarce mais giro. Tudo era motivo de alegria: as aulas que acabavam num ápice porque estávamos entretidos a colorir ou os intervalos passados a brincar nos insufláveis. Tudo era motivo de alegria: porém, tudo era, para nós, vulgar. E, infelizmente, só depois de já lhe chamarmos passado é que lhe damos o devido valor.
Depois de 4 anos naquele pátio azul, passámos, finalmente, para o segundo ciclo onde já éramos mais crescidos, mas continuávamos com a mesma ingenuidade. Onde começámos a ter aulas no laboratório que era motivo suficiente para ficarmos felizes, onde jogávamos ao quinze com os nossos amigos todos os dias, a seguir às aulas, porque não havia coisa melhor que preferíssemos estar a fazer, e onde escrevíamos, no canto do caderno de matemática, a tabuada só para receber uma estrelinha autocolante. O segundo ciclo, o nosso querido segundo ciclo, que se tornou ainda mais especial com o acantonamento, com os jogos inter-turmas com um potencial de união enorme e com o acompanhamento extraordinário do Sr.Manu e da D.Anabela.
E, cada vez mais próximo do fim, chegámos ao 3º ciclo. Ciclo este, que já sabíamos ser mais exigente e desafiante que todos os anteriores, pela maior quantidade de disciplinas e matérias. Foi nele que começámos a ganhar mais liberdade e onde nos aventurámos nas primeiras saídas do país com a escola, na tão memorável viagem a Mérida, no 7º ano, que até parecia compensar os incontáveis degraus, que, todos os dias e várias vezes ao dia, subíamos e descíamos.
Contudo, o principal desafio surgiu de um dia para o outro. Assim, sem ninguém o esperar, passaríamos a estar forçados a viver a maior parte do 3º ciclo em confinamento, devido a uma pandemia com consequências à escala mundial. Efetivamente, o COVID veio alterar, drasticamente, o nosso percurso por estes 3 anos: deixámos de poder ir à escola e de estar com os nossos amigos, de forma presencial, as grandes produções das novas disciplinas de Teatro e Música tiveram de passar para o digital e as tão queridas e aguardadas viagens de fim de ciclo a Paris e a Barcelona ficaram por cumprir.
Apesar de todas estas questões inesperadas, a pandemia fez-nos perceber que não podemos tomar nada como garantido e, por isso, quando regressámos ao formato presencial, apercebemo-nos das mudanças que se tinham operado em nós e de que teríamos de recuperar todo o tempo que o COVID nos fez viver na incerteza do que o futuro nos reservava. Assim, aproveitámos, ao máximo, o tempo que nos restava, neste desafiante ciclo, para o viver intensa e verdadeiramente! O que se traduziu em dias repletos de gargalhadas e animação, em novas amizades e, em certezas, ou pelo menos, menos dúvidas, relativamente à área que escolheríamos, no secundário.
Chegámos, finalmente, ao tão temido e esperado ciclo. Ainda com os avisos dos nossos professores em mente, reentrámos nos portões, mas deparámo-nos com uma vista diferente; era a mesma escola, mas não eram os mesmos corredores, professores e pessoas com as quais já nos havíamos familiarizado; era tudo maior, tudo mais assustador. Os primeiros dois anos passaram, então, a correr. No 10º ano, na tentativa de desvendarmos o desconhecido e aprendermos a conciliar a nova carga horária, demos por nós, já no 11º ano, a fazer as malas, para as viagens à Alemanha e à Suíça, e a contarmos os dias para os exames.
E, num abrir e fechar de olhos, já nos encontrávamos no último ano nesta casa salesiana, chegando, finalmente, às tão esperadas tardes livres do 12º ano, que nos deixariam recuperar o fôlego e aproveitar as experiências com as quais há tanto sonhávamos.
Apesar de estarmos a poucos meses da meta, ainda nos faltavam muitas coisas para viver. Desde as escolhas dos vestidos e fatos para as festas, até à ansiada viagem a Cabo Verde, que veio e foi num ápice, e que, certamente, ficará para sempre nas nossas memórias.
Passámos o ano inteiro a pensar que não podíamos esperar por tudo isto, mas agora que chegaram, temos alguma relutância em deixar partir estes momentos. Mas, na verdade, estes 3 anos não se resumiram só à ânsia pelo futuro, foram, também, feitos pelos pequenos momentos do presente, como as conversas com a Maria João e o Dão, os debates de Filosofia e História, os testes de Matemática e Português, os corta-matos e até mesmo os dias mais monótonos de aulas. De facto, os dias normais, rotineiros e os momentos que nos pareciam irrelevantes e intermináveis, são agora os mais importantes e aqueles que relembramos com mais carinho, pois, apesar de parecer um pouco “cliché”, foi verdadeiramente através destes que, sem nos apercebermos, crescemos, mudámos e chegámos ao fim do nosso percurso na nossa segunda casa.
Levaremos estas histórias nos nossos corações, juntamente com cada amizade, professor e auxiliar que fizeram a diferença nas nossas vidas e que nos ajudaram a chegar onde nos encontramos hoje, a dizer o nosso último adeus e a dar as nossas últimas palavras aos finalistas vindouros. Assim, queridos colegas queríamos dizer para aproveitarem todos os momentos do próximo ano! Para não desistirem dos vossos sonhos por muito longe que pareçam estar. Não fiquem presos ao passado e às coisas que poderiam ter corrido melhor, aprendam com elas e ambicionem um futuro melhor e grandioso que faça jus a todo o trabalho árduo que cada um de vocês passou ao longo desta caminhada! Mas sobretudo vivam o presente. Vivam todas as gargalhadas, todas as aulas secantes e todos os desafios que vão enfrentar e tentem tirar deles todas as coisas positivas que vos proporcionam, porque quando derem por vocês estão como nós, a dias de acabar aquilo que foi a vossa rotina nos últimos anos, a ler o discurso de despedida, e a desejar que dure um bocadinho mais!
Encarem o próximo ano como um ano de novas aprendizagens e desafios, onde apesar de todas as tardes livres vão ter de continuar a demonstrar o vosso empenho e esforço. Queridos colegas, um último conselho, não tomem nada por garantido, lutem por aquilo que ambicionam! E nunca ambicionem nada menos do que aquilo com que sonham!!
Por fim, apesar de todos os stresses, avaliações, projetos e apontamentos, foram estas paredes que testemunharam o nosso crescimento. Foi nelas que aprendemos a pensar por nós próprios, mas também o quão importante é aceitarmos a mão de quem nos quer ajudar. Aprendemos que ser humano não é só bater o coração e respirar, mas que também é chorar, rir, conquistar e ser conquistado.
Achamos que não nos resta mais nada para além de agradecer a cada pessoa que tornou esta caminhada possível. Obrigado aos professores, por nos ensinarem o que sabemos hoje, e aos funcionários, pelo constante apoio nos momentos de desespero, em especial ao Brito, que espelhou a sua alegria em nós e cujo sorriso nunca será esquecido.
Concluindo, por poucas palavras, saltem nos trampolins, vistam-se de Gregos, vão a Paris ou a Barcelona, aproveitem Cabo Verde. Vivam a vida, e o mais importante: sejam felizes!